Opinião

E agora, Catarina?

Robles não sai pelo seu próprio pé. Sai depois do empurrão dado por Fazenda, da ala UDP do Bloco. Bastou um fundador dizer umas coisas para "o Ricardo" perceber que o negócio das casas o deixava politicamente frágil. E a "reflexão" que Fazenda pede ainda pode dar pano para mangas a Catarina.

Pedro Cruz

O Bloco, habituado a atacar e não a defender-se, a acusar em vez de ser acusado, a denunciar em vez de ser denunciado, a cavalgar a onda mediática e não a inventar teorias da «cabala», ficou encurralado ao ver-se ao espelho e não conseguir disfarçar a distorção da imagem.

Ainda assim, Catarina começou por dizer, sexta-feira, que "o Ricardo não fez nada de mal". Fez "tudo bem", dentro da legalidade. O Bloco estava com Ricardo. Depois dela, Louçã – outro fundador, mas da ala PSR – também não via problema. Mortágua também não. O Bloco, unido, jamais terá demissionários.

Ricardo também não via problema.

A «especulação» que combate e a «gentrificação» passaram-lhe ao lado.

Segunda-feira fala Fazenda. Diz pouco e meio encriptado.

E, afinal, Ricardo sai.

Descobriu tarde que iria ter um problema «político». O mesmo problema que já tinha desde sexta-feira;

E terça, Catarina, em Belém, já traz outro discurso.

Afinal, respeita a "opção do Ricardo e da família", considera que, afinal, ao contrário do que achava sexta-feira, "seria difícil (a Ricardo Robles) manter o exercício da função" e, portanto, o Ricardo "fez o que devia fazer".

Afinal, devemos acreditar na Catarina de sexta ou na Catarina de segunda?

Afinal, se sexta estava tudo bem e na segunda (Ricardo) fez o que devia ter feito, qual das versões corresponde ao que Catarina pensa e qual delas corresponde ao que diz?

A defesa feita na sexta-feira era táctica, estratégica ou cega?

E a queda de segunda é por convicção, coerência ou oportunismo?

A UDP ressuscitou.

Bastaram meia dúzia de frases para derrubar a construção à volta de Robles, que parecia indestrutível.

E, agora, para lá do eleitorado e das repercussões públicas, Catarina ainda vai ter de lidar, outra vez com a UDP.

E agora?

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