O branqueamento global de corais é atualmente o mais extenso já registado no mundo, avançou a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) à agência Reuters, poucos dias antes do início da cimeira da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a biodiversidade, a COP16, que começa esta segunda-feira em Cali, na Colômbia.
Dados recolhidos por satélite desde fevereiro de 2023, revelam que 77% das áreas de recifes de coral do mundo – do Atlântico ao Pacífico – foram até agora sujeitas a stress térmico que provoca branqueamento, à medida que os combustíveis fósseis impulsionados pelas alterações climáticas registam também temperaturas oceânicas quase recordes em todo o mundo.
Em relação aos corais, o recorde anterior do branqueamento em massa de 2014 a 2017 afetou perto de 66% da área de recifes do mundo.
Desencadeado pelo stress térmico nos oceanos quentes, o branqueamento dos corais ocorre quando estes expelem as algas coloridas que vivem nos seus tecidos. Sem estas algas úteis, os corais tornam-se pálidos e ficam vulneráveis à fome e às doenças. Um coral branqueado não está morto, mas é preciso que temperaturas do oceano desçam para que haja esperança de recuperação.
Até agora, a NOAA não chegou a considerar este branqueamento em massa, que já afetou recifes em 74 países e territórios, como o "pior" já registado. Os cientistas vão ainda realizar avaliações subaquáticas de corais mortos, o que ajudará a avaliar a gravidade do fenómeno.
Os investigadores já tinham alertado para o facto dos recifes de coral atingirem um ponto crítico com o aquecimento global, pelo que até 90% dos recifes ficariam em risco com o aumento de 1,5 graus da temperatura da água do mar.
Este fenómenos terá implicações terríveis para a saúde dos oceanos, a pesca de subsistência e o turismo. Todos os anos, os recifes fornecem cerca de 2,7 mil milhões de dólares (cerca de 2,5 mil milhões de euros) em bens e serviços, de acordo com uma estimativa de 2020 da Rede Global de Monitorização de Recifes de Coral.