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Festival dos Gémeos: rostos, sorrisos e gestos duplicados dominam a celebração

A pacata cidade de Igbo-Ora, no sudoeste da Nigéria, recebe anualmente o Festival dos Gémeos, que devido a fatores genéticos existem em elevado número na região.

Elisa Macedo

Ana Isabel Pinto

Num desfile de características faciais duplicadas, a cidade de Igbo-Ora, no estado de Oyo, no sudoeste da Nigéria, ganhou uma nova vida, com gargalhadas, música e celebração no Festival Anual dos Gémeos.

A festa contou com um cortejo de gémeos de diversas idades, vestidos a rigor com roupas iguais, acompanhados por músicos e bailarinos. Com início a 12 de outubro, o evento de cinco dias mostrou o vínculo único entre gémeos.

Opeyemi Daniel, que cresceu entre cinco pares de gémeos na sua família, comemorou o festival como mãe de duas meninas gémeas.

"Eu tinha um interesse especial por gémeos quando éramos pequenos. Sou a único que não é gémea entre os filhos da minha mãe. Minha mãe teve gémeos cinco vezes. Eu costumava ficar feliz quando os via. Esperava também vir a ter gémeos para os vestir com as mesmas roupas e os mesmos sapatos, eu queria muito ter gémeos e tenho-os agora," disse à Reuters.

Os gémeos são comuns no grupo étnico iorubá que domina o sudoeste da Nigéria.

Um estudo de 1970 realizado por um ginecologista britânico descobriu que em cada 1.000 nascimentos, registaram-se 50 pares de gémeos, uma das taxas mais altas de nascimentos de gémeos no mundo.

Mesmo entre o povo iorubá, a cidade de Igbo-Ora é considerada excecional, com pelo menos um nascimento de gémeos em cada família.

Kehinde Oladele-Oguntoye, fundador do Festival Anual dos Gémeos, disse: "Para este evento não temos uma estimativa de presença de gémeos, mas para os eventos anteriores lembro-me que há 3 ou 4 anos, tivemos 2.034 pares de gémeos".

Crenças, mitos e fatores genéticos

Os nomes Kehinde e Taiwo, dados a todos os gémeos iorubás, são comuns em Igbo-Ora, refletindo a alta taxa de natalidade de gémeos da cidade.

Na cultura iorubá, Kehinde, o segundo gémeo a nascer, é considerado o mais velho, com base num mito centenário.

Os moradores locais acreditam que a alta taxa de nascimentos de gémeos está ligada ao consumo de um prato local feito de inhame e farinha de mandioca.

No entanto, segundo o médico Gafar Amoo, as pesquisas realizadas sugerem que fatores genéticos são os principais responsáveis.

"Houve muitos esforços no passado por parte de cientistas e de investigadores médicos para desvendar os mistérios por trás das gravidezes múltiplas em Igbo-Ora, e um dos principais fatores identificados é a questão dos fatores genéticos", afirmou.

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