Olhares pelo Mundo

"Ninguém pode calar as nossas vozes": ativistas afegãs cantam em protesto contra as novas restrições

Vídeos de mulheres afegãs a cantar estão a ser divulgados nas redes sociais. São cânticos revolucionários que contestam as mais recentes restrições do regime talibã.

Elisa Macedo

Ana Isabel Pinto

Mulheres ativistas afegãs publicaram vídeos nas redes sociais, dentro e fora do país, a entoar canções revolucionárias contra as novas leis restritivas do regime talibã.

Na letra de um dos cânticos, a cantora questiona: "Quem vai selar o silêncio da minha boca até segunda ordem?", referindo-se a uma suposta ordem futura dos talibã para suspender as restrições.

Protestos seguem-se à nova legislação do "vício e da virtude". Impedidas de cantar, ler em voz alta e até falar, as recentes normas limitam ainda mais a vida das mulheres no Afeganistão.

"Nenhum poder pode silenciar as vozes e a imagem das mulheres. Nós, com todas estas vozes, posicionamo-nos contra a desigualdade e estas são as vozes que vão derrotar todos aqueles que procuram apagar-nos", afirma a ativista afegã Hoda Khamosh, em entrevista à Reuters.

O regime talibã codificou formalmente, na semana passada, um longo conjunto de regras que regem a moralidade, que também exigem aos homens que deixem crescer a barba e proíbem os motoristas de automóveis de pôr música.

As regras exigem que as mulheres usem trajes que cubram totalmente o corpo e o rosto, assim como indicam aos condutores de veículos com mulheres que as passageiras não podem ser transportadas sem um tutor masculino.

As restrições dos talibãs às mulheres e à liberdade de expressão suscitaram duras críticas de grupos de defesa dos direitos humanos e de muitos governos estrangeiros desde que o regime talibã regressou ao poder no Afeganistão, em 2021

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