As emissões de metano do setor da energia registaram novo aumento em 2023, perto do máximo alcançado em 2019, revela o mais recente relatório da Agência Internacional de Energia.
A produção e o uso de combustíveis fósseis lançaram mais de 120 milhões de toneladas métricas de metano na atmosfera no ano passado – um ligeiro aumento em relação a 2022 e próximo do nível recorde de 2019, de acordo com o Global Methane Tracker da AIE.
"Uma das principais conclusões a que chegámos foi que, no ano passado, em 2023, assistimos a um aumento do nível de emissões de metano provenientes de combustíveis fósseis", diz Christophe McGlade, chefe de fornecimento de energia da AIE.
O metano é um poderoso gás com efeito de estufa responsável por cerca de um terço do aumento das temperaturas globais desde a revolução industrial.
Reduções rápidas e sustentadas nas emissões de metano são fundamentais para limitar o aquecimento global a curto prazo e melhorar a qualidade do ar.
“As emissões provenientes das operações de combustíveis fósseis permanecem inaceitavelmente elevadas”, refere o economista-chefe de energia da AIE, Tim Gould.
Emissões da indústria do petróleo e do gás
Muitas destas emissões poderiam ser evitadas se os produtores desenvolvessem melhores práticas – como a Noruega, que tem baixas fugas de metano provenientes das suas operações de perfuração de petróleo e gás.
Atualmente, as operações menos eficientes são cerca de 100 vezes piores que as mais eficientes, sendo o Turquemenistão e a Venezuela os piores infratores. Uma explosão de poço no Cazaquistão no ano passado produziu grandes quantidades de metano durante mais de 200 dias.
Os grandes emissores de metano
O setor da energia – incluindo o petróleo, o gás natural, o carvão e a bioenergia – é responsável por mais de um terço das emissões de metano provenientes da atividade humana.
Os EUA são os maiores emissores de metano provenientes da extracção de petróleo e gás, resultado da enorme expansão do seu setor de petróleo e gás.
A China é o maior emissor de metano proveniente da extração de carvão.
A Rússia também continua a ser um grande emissor, uma vez que as suas operações de combustíveis fósseis são mal geridas.
Promessas por cumprir
Na Cimeira do Clima das Nações Unidas do ano passado, a COP28 realizada no Dubai, quase 200 países concordaram em reduzir rápida e substancialmente as emissões de metano.
O compromisso anterior assumido por mais de 150 países era de reduzir as emissões globais de metano em pelo menos 30% em relação aos níveis de 2020 até ao final desta década.
Dezenas de empresas petrolíferas comprometeram-se voluntariamente a reduzir as emissões através da Parceria de Petróleo e Gás Metano do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
Mas mesmo assim, os países e as empresas continuam a subestimar a extensão das suas emissões de metano, diz a AIE.
“2024 deverá marcar um ponto de viragem”
Apesar de tudo, a AIE diz estar optimista com os novos satélites que ajudarão a melhorar a monitorização das emissões de metano.
A Agência Espacial Europeia tem o satélite GHGSat que já monitoriza as emissões de metano, mas o novo MethaneSAT fornecerá mais detalhes e terá um campo de visão muito mais amplo.
“2024 será um momento decisivo para a ação e transparência em relação ao metano”, diz Christophe McGlade, chefe de fornecimento de energia da AIE.