Olhares pelo Mundo

Colômbia vai explorar valioso tesouro de galeão espanhol no fundo do mar

Naufragou há mais de 300 anos, ao largo do histórico porto de Cartagena. Acredita-se que o navio da armada espanhola transportasse riquezas que equivalem hoje a milhares de milhões de euros, que serão resgatados pelo Governo da Colômbia.

Elisa Macedo

Ana Isabel Pinto

O galeão San José espanhol naufragou em 1708 ao largo da porto de Cartagena, na Colômbia, mas o que resta do navio só foi descoberto em 2015. Depois de em 2020 ter declarado o bem cultural indivisível da nação, o Governo de Bogotá vem agora anunciar uma missão científica que vai explorar o tesouro transportado pela embarcação e admite a possibilidade de vir a considerar o galeão um "património partilhado".

A história associada ao naufrágio do galeão San José dava um filme. O navio partiu do Panamá, na altura uma colónia espanhola, com destino a Espanha. A embarcação seguiria carregada de ouro, prata, pedras preciosas e outros artefactos valiosos. Uma carga destinada a financiar as despesas militares da coroa espanhola, na altura ainda detentora de um vasto império.

Ao largo da Colômbia, o galeão foi atacado por uma frota britânica, a bordo seguiam piratas ingleses que queriam capturar as inúmeras riquezas do San José. Sem que possa ser comprovada, ganha força uma teoria de que os tripulantes do galeão espanhol afundaram o navio de propósito de forma patriótica, para que o tesouro não fosse parar às mãos dos ingleses.

“Santo Graal dos naufrágios”

O Governo da Colômbia anunciou a 23 de fevereiro que vai iniciar uma missão de exploração subaquática para investigar e recuperar os artefactos encontrados no galeão.

Considerado pelos historiadores como transportando um dos maiores tesouros marítimos não recuperados, estima-se que o navio carregasse uma carga equivalente a cerca de 18,5 milhões de euros. Todo esse valor conferiu a este tesouro a designação de “Santo Graal dos naufrágios”.

Os responsáveis colombianos admitem agora a possibilidade de vir a considerar o galeão um "património partilhado".

"Acredito que existe vontade por parte dos governos colombiano e espanhol de considerar o galeão San José como um património partilhado. Podemos traduzir esta intenção num cenário de cooperação e colaboração que permitirá a ambos os Estados gerir o galeão San José como um património que não pertence apenas à Espanha ou à Colômbia", referiu Alhena Caicedo Fernandez, diretora do Instituto de Antropologia e História da Colômbia, na conferência de imprensa de apresentação do projeto.

Missão terá início no segundo semestre deste ano

As autoridades explicaram que vão usar um robô subaquático guiado por um uma embarcação especializa que irá para registar informações sobre o navio naufragado.

A Colômbia investirá cerca de 4,1 milhões de euros na missão científica, que deverá começar no segundo semestre de 2024.

As imagens de sonar revelaram até agora canhões de bronze feitos especificamente para o navio, armas, cerâmicas e outros artefactos.

O governo colombiano também referiu que iniciou formalmente um processo de negociações com a empresa norte-americana Sea Search Armada, LLC, que reivindica os direitos patrimoniais do navio, ou seja 10 mil milhões, o que corresponde ao que afirma valer 50% do tesouro do navio que reclama ter descoberto em 1982.

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