A população de borboletas-monarcas no México diminuiu 22% desde o ano passado. De acordo com os especialistas, as alterações climáticas têm um "impacto considerável" nesta espécie migratória. Todos os anos, as borboletas-monarcas percorrem mais de 3.000 quilómetros para chegar ao México. Vêm dos Estados Unidos e do Canadá, onde as temperaturas extremas têm contribuído para o declínio da espécie.
Em 2022, uma subespécie da borboleta-monarca foi classificada como ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
Especialistas dizem que as mudanças climáticas, o corte ilegal de árvores e a perda de habitat, assim como o uso de pesticidas e herbicidas são as principais ameaças à migração da espécie.
A extração ilegal de madeira tem sido uma grande ameaça para as florestas de pinheiros e abetos, onde as borboletas se reúnem em grupos para se aquecer.
“A elevada presença de pragas e de doenças está também a afetar as florestas. Grande parte do problema está associado ao stresse hídrico, consequência das alterações climática. De repente temos quedas extremas de temperatura no norte do país, como parte desses fenómenos naturais, e muito mais situações de seca extrema. Tudo isso causa uma mudança na estrutura que enfraquece as árvores, tornando-as muito mais suscetíveis a pragas ou doenças”, explica em entrevista à Reuters Gloria Tavera, diretora-geral da comissão nacional mexicana para a conservação das áreas protegidas.
Os dados mostram que o número de árvores perdidas nos locais favoritos para as borboletas-monarcas triplicou. A área total que ocuparam no inverno passado caiu para 2,21 hectares, no ano anterior tinha sido de 2,84 hectares.
Luta da população para proteger a floresta começou há mais de 20 anos
Consciente do problema, a população das zonas mais afetadas está a enveredar esforços para proteger a floresta. O corte ilegal de árvores caiu 3,4% este ano, em grande parte devido aos esforços dos habitantes.
A 23 de janeiro, a comunidade agrícola de Crescencio Morales, situada a cerca de 150 quilómetros da Cidade do México, e uma das zonas com maior extração ilegal de madeira, apresentou a primeira equipa de guardas florestais, oficialmente treinados para a proteção da área florestal.
A luta da comunidade começou no início dos anos 2000, quando os moradores expulsaram traficantes e madeireiros ilegais
"Decidimos defender-nos porque tínhamos de nos proteger. Houve perda de vidas, perda de colegas", lembra Erasmo Álvarez Castillo, líder da comunidade de camponeses locais, em entrevista à Reuters.
Foi uma luta longa e árdua que acabou com os agricultores a pegarem em armas, depois dos pedidos de ajuda às autoridades não serem atendidos.