A universidade de Columbia anunciou na terça-feira a imposição de sanções individuais a cerca de 80 estudantes, que tinham ocupado em maio uma biblioteca para denunciar os ataques israelitas na Faixa de Gaza.
Nos últimos meses, realizaram-se importantes movimentos de contestação dos bombardeamentos israelitas à Faixa de Gaza, o que levou os seus participantes a serem acusados de 'antissemitismo' pelo governo de Donald Trump.
No início de maio, cerca de 80 pessoas ocuparam a biblioteca Butler da Columbia, em Nova Iorque, ação condenada pela presidência da universidade, que chamou imediatamente a polícia.
O chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, qualificou então os manifestantes como "bandidos pro-Hamas".
A comissão dos Assuntos Jurídicos de Columbia impôs as sanções a alguns dos seus estudantes, considerando o seu grau de envolvimento e o facto de terem já sido ou não sancionados, adiantou-se em um comunicado da instituição, divulgado na terça-feira.
"Qualquer perturbação das atividades universitárias constitui uma violação das políticas e do regulamento da universidade, que implicam necessariamente consequências", adiantou-se no mesmo texto.
A universidade não detalhou as medidas individuais, mas sublinhou que incluíam "suspensões de até três anos" e "expulsões".
Estas medidas foram anunciadas quando Trump acentua as pressões sobre as universidades, congelando, no caso de Colúmbia, centenas de milhões de dólares de subvenções federais.
Sanções acontecem no meio de negociações para recuperar financiamento
De acordo com a Associated Press, a tomada de decisão da universidade acontece precisamente num momento em que decorrem negociações com o presidente norte-americano para recuperar 400 milhões de dólares (cerca de 341 milhões de euros) em financiamento federal.
Donald Trump retirou subvenções e cancelou contratos em março devido à forma como esta lidou com os protestos dos estudantes contra a guerra em Gaza, acusando mesmo a universidade de fracasso em reprimir o antissemitismo no campus durante a guerra Israel-Hamas.
Em junho, o Departamento de Educação norte-americano notificou a Comissão de Ensino Superior de que a Universidade de Columbia "violou as leis federais antidiscriminação e, por isso, não cumpriu os requisitos para a acreditação", pode ler-se na nota.
"Esperamos que a Comissão informe o Departamento sobre as medidas que serão tomadas para garantir que a Columbia cumpre as normas de acreditação", acrescentou McMahon.
Um porta-voz da Columbia disse à agência France-Presse (AFP) que a universidade estava "consciente das preocupações do Departamento de Educação", que foram discutidas diretamente com a Comissão de Ensino Superior.
"A Columbia está profundamente empenhada no combate ao antissemitismo no seu campus. Levamos este problema a sério e continuamos a trabalhar com o governo federal para o resolver."
A retirada da acreditação poderá significar a perda de todo o financiamento federal para a Columbia. O corte de 400 milhões de dólares em fundos federais aconteceu no início de março, valor que a escola quer agora recuperar.
Presidente da universidade acusada de "colaboração" com Trump
No final de maio, a presidente de Columbia foi assobiada, durante uma cerimónia de entrega de diplomas, por estudantes que lhe criticavam a cedência às pressões do governo e de não ter impedido a detenção de Mahmoud Khalil.
Esta figura do movimento pró-palestiniano tinha sido detida em março, em uma residência da universidade, e colocado em um centro de detenção federal, no Estado da Luisiana. Khalil foi libertado, mas ainda arrisca a expulsão.
O comité de Columbia de apoio à campanha de boicote a Israel denunciou sanções "históricas" e acusou a presidente da universidade "colaboração" com o governo de Trump.
Detalhou ainda que os estudantes suspensos têm de apresentar desculpas para poderem regressar à universidade, sem as quais serão expulsos "de facto".
Cerca de um ano antes deste protesto de maio, a polícia nova-iorquina tinha desalojado estudantes pró-palestinianos barricados em um edifício da universidade, epicentro de um movimento de contestação que exigia às universidades que cortassem as relações com as empresas ligadas a Israel.
Com Lusa