É mais um sinal claro do efeito das mudanças no clima: metade da população mundial esteve exposta a um mês extra de calor intenso, no último ano. São mais 30 dias com temperaturas acima do normal. Os dados foram recolhidos por cientistas de todo o mundo, em mais de 195 países.
“O que é perigoso para as sociedades humanas é a mudança daquilo a que estamos habituados”, explica Friederike Otto, climatologista do Imperial College London. “É muito diferente do clima que tínhamos no início do século XX.”
Para além de todos os problemas que o calor extremo provoca - da seca ao uso excessivo de recursos como a energia, por exemplo -, há ainda consequências muito graves para a saúde.
“Os números são muito superiores ao número de mortos em inundações, furacões ou outos perigos naturais. Mas como as pessoas não morrem na rua, nas vagas de calor, normalmente não as vemos. Costuma dizer-se que as vagas de calor são “assassinas silenciosas”, por esse motivo”, aponta Friederike Otto.
Muitas mortes não chegam a ser associadas ao calor, porque as pessoas morrem de problemas cardíacos ou respiratórios que já tinham e que as temperaturas muito altas agravam.
Os peritos dizem que os governos têm de implementar planos de emergência para as vagas de calor, a exemplo do que fazem quando há tempestades, cheias ou terramotos. Alertam ainda que, se se continuar a queimar combustíveis fósseis e a poluir a atmosfera, o planeta vai aquecer cada vez mais.