Berlim foi a cidade que Anabela Campos Neves escolheu nos anos 80, antes de o muro cair e de Portugal entrar na CEE. Atualmente, ainda por lá vive com a companheira alemã Marion. As duas gerem um restaurante.
"Em 1983, Berlim era livre, era uma coisa impressionante. Em todo o lado havia festas, festas noturnas, havia convites de um lado para o outro, a malta jovem andava de um lado para o outro, havia trabalho, havia casas, mudava-se de casa quase todas as semanas. Foi uma cidade que me aceitou com os braços abertos", recorda a portuguesa.
No entanto, diz que hoje olha para Berlim "com preocupação. Não com medo, mas com muita preocupação".
Anabela, que nasceu na ditadura em Portugal, olha com preocupação para a subida da extrema-direita na Alemanha.
"O povo alemão tem muito medo de mudar. Qualquer mudança não é muito fácil, é muito agarrada àquilo que tem, à segurança."
A segurança, misturada com o tema da migração, dominou a campanha e fez subir a Alternativa para a Alemanha, o partido de extrema-direita que tem defendido a deportação em massa de migrantes e refugiados.
Espanta-a também as contradições de Alice Weidel. A alemã que vive com uma mulher, mas lidera um partido contra o casamento gay. Anabela assumiu a homossexualidade aos 14 anos. Agora, aos 60, preocupa-a que haja retrocessos.
Diz que, se a AfD chegar aos 25% dos votos, então deixa a Alemanha e volta para Portugal. Mas, mantém a esperança num desfecho diferente.