Mundo

"Provavelmente, a Ucrânia vai ter de se contentar com alguma perda efetiva de território"

O editor de internacional do Expresso, Pedro Cordeiro, acredita que o território russo que as tropas ucranianas ocupam na região de Kursk servirá como "moeda de troca" em eventuais negociações com Moscovo.

Pedro Cordeiro

SIC Notícias

A Ucrânia iniciou uma nova contraofensiva em território russo, numa altura em que se percebe cada vez mais que "não há forma de obrigar" a Rússia a abandonar as zonas ocupadas na Ucrânia, diz Pedro Coerdeiro, editor de internacional do Expresso na sua análise na antena da SIC Notícias.

O jornalista começa por destacar que Emmanuel Macron, Presidente de França, um dos maiores aliados de Kiev desde o início do conflito, reconheceu "não oficialmente" que a Ucrânia terá de ceder territórios à Rússia.

Quanto à nova incursão ucraniana em Kursk, território que neste momento é ocupado pelas forças fiéis a Kiev, Pedro Cordeiro acredita que se trata de "uma moeda de troca" que Zelensky utilizará quando "se sentar à mesa com os russos":

"Quanto mais território russo a Ucrânia tiver ali na região de Kursk, mais tem a oferecer e a exigir em troca do seu próprio território quando houver negociações."

"Um dos espinhos" dessas negociações, de acordo com editor, "será o que acontece ao território que é legalmente ucraniano e que a Rússia ocupou?"

Pedro Cordeio considera que "não há forma de obrigar a Rússia a sair dali" pelo que, "provavelmente, a Ucrânia vai ter de se contentar, a contragosto, com alguma perda efetiva de território".

Relação EUA-Europa

A dias de Trump regressar ao poder nos EUA, uma das questões que se coloca é: como será a relação entre os Estados Unidos e a Europa?

O jornalista crê que é presumível que as relações piorem, visto que Trump "não gosta muito da Europa nem da União Europeia".

"Tem, obviamente, as exigências e as críticas a fazer aos países europeus membros da NATO por causa do dos gastos da defesa e de não cumprirem os compromissos que tinham assumido, portanto espera-se uma presidência menos voltada para a Europa."

O jornalista aponta que, apesar disso, "a relação transatlântica tem de ser mantida de uma forma ou de outra".

"Se foi possível manter a relação durante a primeira Presidência de Trump, sê-lo-á durante a segunda, ainda que a segunda eu preveja uma Presidência diferente com menos travões, digamos assim, do que na primeira, mas é inevitável, a Europa não se basta sem os Estados Unidos, precisa dos Estados Unidos", sublinha.
Últimas