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Estímulos elétricos no cérebro podem ajudar doentes com lesões na medula espinal a voltar a andar

A conclusão é de uma investigação levada a cabo por uma equipa de cientistas suíços. Pacientes que foram submetidos à técnica experimental foram capazes de subir degraus de escadas sozinhos.

Matias Delacroix/AP Photo

SIC Notícias

Um novo estudo está a trazer a esperança de voltar a andar a doentes que sofreram de lesões na medula espinal. A resposta pode estar na estimulação elétrica de certas zonas do cérebro. 

A investigação, publicada na revista Nature Medicine, está a ser levado a cabo por uma equipa de cientistas na Suíça.  

O ensaio passa por colocar eléctrodos - polos condutores de corrente elétrica, isto é - no cérebro, ligados a um dispositivo implantado no peito. É este dispositivo que permite enviar impulsos elétricos para o cérebro. 

De acordo com a agência France Press, a técnica experimental está a ser aplicada a quem tem lesões parciais na medula espinal – ou seja, em casos em que a ligação entre o cérebro e a medula não ficou completamente destruída. 

Para desenvolver esta técnica, os investigadores usaram imagiologia 3D para mapear a atividade cerebral de ratinhos com este tipo de lesões na medula e criaram uma espécie de “atlas cerebral”. Foi assim que descobriram a região do cérebro que seria sensível aos estímulos dos eléctrodos: uma zona que fica no hipotálamo lateral (conhecido por regular mecanismos como a fome, a temperatura e a pressão arterial). 

É nesta zona do cérebro que está um grupo de neurónios que, ao que indica a investigação, estará “envolvido na recuperação da marcha após uma lesão da medula espinal”, afirmou, em declarações à FrancePress, GrégoireCourtine, professor de neurociências na École Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça.  

Aquilo que os investigadores fizeram foi procurar amplificar o sinal do hipotálamo lateral utilizando a estimulação cerebral. E, segundo o estudo, os testes realizados em ratos mostraram que a estimulação melhorava “imediatamente” a capacidade de andar. 

“Agora sei que posso subir uma escada sozinho” 

Wolfgang Jàger, um suíço de 54 anos que sofreu uma lesão na medula espinal, é um dos dois pacientes que participaram no primeiro ensaio do estudo. 

Além da estimulação elétrica, teve de passar por meses de reeducação e treino muscular. Mas valeu a pena. Foi capaz de subir e descer alguns degraus, depois de o dispositivo ter sido ligado ao seu cérebro. 

“Agora, quando vejo uma escada com poucos degraus, sei que a posso subir sozinho. É bom não ter de estar sempre a depender de outras pessoas”, afirmou o paciente. 

A outra participante do estudo, uma mulher não identificada, terá afirmado que voltou a sentir as pernas e a ter vontade de andar. 

Os cientistas alertam, contudo, que é preciso continuar a investigação e aprofundar o estudo da técnica, uma vez que pode não ser eficaz para todos os doentes.

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