Cerca de 42 mil pessoas manifestaram-se esta terça-feira junto ao parlamento da Nova Zelândia, após uma marcha de nove dias pelo país contra uma proposta que pode pôr em causa o estatuto da população indígena maori.
Os manifestantes contestaram o projeto de lei que pretende alterar um tratado com mais de 180 anos, assinado entre a Coroa britânica e os representantes dos Maori, que são 14% da população do país.
“Vim aqui para apoiar o povo Maori, porque a minha família também é Maori, por isso quero fazer isto por eles, porque a sua terra é importante para eles e não é apenas para as pessoas, mas para as gerações futuras. Quero estar aqui para os apoiar”, disse uma manifestante maori.
Os manifestantes consideram que o projeto lei, se for aprovado, vai diminuir os direitos conquistados pelos povos indígenas, podendo ser um retrocesso nas relações raciais na Nova Zelândia.
“Nunca, mas nunca teremos de decidir quem pode mexer com os nossos direitos e a nossa soberania enquanto povo indígena aqui em Aotearoa [nome maori para a Nova Zelândia]. Nós somos os reis, nós somos o povo soberano desta terra e o mundo está a observar-nos aqui, não por causa do sistema, não por causa das regras, mas porque nós fazemos haka”, defende Hana-Rawhiti Maipi-Clarke, deputada neozelandesa com origens maori.
A proposta de revisão foi feita por um dos partidos minoritários da coligação governamental mas não tem o apoio de mais nenhum outro partido, sendo pouco provável que venha a ser aprovada. Para além disso, existe uma petição, assinada por mais de 200 mil pessoas, contra a revisão da lei, considerada uma das mais importantes da fundação do estado neozelandês.
Já deveria ter sido votada na semana passada, mas a votação teve de ser adiada depois do protesto, dentro do parlamento, por parte de alguns deputados que rasgaram o texto e dançaram um Haka, a dança guerreira tradicional maori.
A manifestação desta terça feira, em frente à assembleia em Wellington, é considerada um dos "maiores protestos de sempre” na Nova Zelândia