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"Estamos cansados. O povo chora": cerca de uma centena de manifestantes em Lisboa contra a violência em Moçambique

A violência pós-eleitoral em Maputo e outras cidades moçambicanas está a preocupar as comunidades no estrangeiro. Cerca de uma centena de pessoas manifestaram-se esta quinta-feira à noite em Lisboa contra o resultado das eleições.

Estela Sofia Santos

Romeu Carvalho

Os manifestantes acusam a Comissão Nacional de Eleições moçambicana de fraude eleitoral. Com Moçambique a ferro e fogo, as notícias que chegam de Maputo e de outras cidades preocupam quem está longe do país. É o caso das cerca de 100 pessoas que se manifestaram esta quinta-feira à noite em Lisboa. Concentraram-se em frente à Embaixada de Moçambique e partiram numa longa marcha até à Praça do Comércio, onde realizaram uma vigília.

Alessandra Simões, de 19 anos, faz parte da geração de jovens insatisfeitos com o estado do país, depois dos quase 50 anos de poder da Frelimo: "Sinto vergonha da Frelimo, que está a roubar as eleições. Está a roubar o poder do povo. Estamos cansados de estar no país dos ódios à procura de oportunidades que nós, jovens, não temos."

Nas ruas do centro de Lisboa, reivindicaram, sem medo, a vitória de Venâncio Mondlane nas eleições gerais de 9 de outubro. Gritaram palavras de ordem contra a desordem e a violência policial que assolam Moçambique há duas semanas, desde que foram divulgados os resultados eleitorais. A falta de acesso à internet no país deixa grande parte destes manifestantes sem notícias dos familiares e amigos que estão em Moçambique.

Venâncio, nome fictício, é um emigrante moçambicano em Portugal de 29 anos. Escuda-se no anonimato porque teme pela segurança da família: "Num regime ditatorial, falta-nos a internet, cortam-nos as chamadas. A minha família fala comigo porque tem acesso ao Starlink. Acede à internet através do sistema que o Elon Musk criou."

O Consulado-Geral de Portugal em Maputo criou um canal no WhatsApp para partilhar informação com a comunidade portuguesa em Moçambique. O link de acesso foi divulgado numa publicação na página de Facebook do Consulado. O objetivo é "disponibilizar um canal de comunicação direta adicional", perante a "atual situação de instabilidade" em Moçambique.

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