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Carros que andam sozinhos estão a "roubar" empregos na China

Veículos que andam sem qualquer intervenção humana já não são uma miragem, mas sim uma realidade, principalmente na China. Com esta evolução surgem agora questões que, até então, não preocupavam a população chinesa.

Gabriel Mota Figueiredo

Ana Isabel Pinto

Já imaginou chamar um táxi e no momento em que entra no veículo repara que não existe condutor? Os carros autónomos são uma realidade na China e até já chegaram às escolas de condução.

Se andar pelas ruas da cidade de Wuhan irá deparar-se com algo que, a acontecer em Portugal seria, certamente, notícia.

No entanto, na megametrópole chinesa, carros a percorrerem sozinhos as estradas é já algo banal que passa despercebido aos habitantes locais.

O grande responsável por este fenómeno tecnológico? A Baidu, empresa que disponibiliza táxis autónomos 24 horas por dia sete dias por semana.

Nenhum condutor supervisona os veículos Apollo Go pelo que, caso aconteça algum incidente, um assistente entra, remotamente, em contacto direto com o utilizador.

Vários taxistas que operam em Wuhan, e que não quiseram ser identificados, revelaram à Reuters que os também conhecidos como táxis-robô assumiram grande parte das pequenas viagens dentro da cidade.

Até ao final do ano, a Baidu tem planos para adicionar 1000 veículos à sua frota atual.

Mas os objetivos da empresa são mais ambiciosos. Até 2030, pretende estar presente em 100 cidades chinesas.

Instrutores de condução substituídos por IA

Nem só os taxistas sofrem com a popularização desta tecnologia. Os instrutores de condução também já começaram a ser substituídos por "instrutores" de Inteligência Artificial (IA).

Uma das maiores escolas de condução da China, a Eastern Pioneer, reduziu em mais de metade o número de instrutores humanos desde 2019, ano em que iniciou o processo de automatização.

Hoje, 80% dos alunos prefere os "instrutores" de IA e a empresa só necessita, em média, de 1,5 profissionais por cada 10 alunos, uma vez que estes desempenham agora apenas o papel de assistentes.

Os instrutores que em tempos se sentavam no banco do passageiro, têm agora a função de vigiar os alunos, que aprendem a conduzir "sozinhos" em carros devidamente equipados com sistemas de Inteligência Artificial.

Sistemas esses que dão indicações aos aspirantes a condutores e até travam ou mudam a direção em caso de perigo.

"Além disso, a experiência dos nossos alunos e as taxas de aprovação [no exame de condução] também melhoraram, enquanto os custos de mão de obra diminuíram para nós. No geral, o resultado foi positivo", afirmou Zhang Yang, diretor do departamento de formação inteligente da escola.

Antes de se sentarem ao volante pela primeira vez, os alunos deste estabelecimento praticam a condução em simuladores de realidade virtual.

A China pretende posicionar-se como líder mundial no mercado dos veículos autónomos.

Em junho, o país autorizou nove fabricantes de automóveis a iniciarem testes de sistemas avançados de assistência ao condutor em estradas públicas.

No mês passado, Pequim apresentou um projeto de regulamentação para a utilização desta tecnologia em transportes coletivos.

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