Pedro Cordeiro, editor de internacional do Expresso, explica, na antena da SIC Notícias, o motivo pelo qual o Irão está a adiar uma resposta militar contra Israel. Sobre a incursão ucraniana refere que deixa a descoberto as fragilidades da Rússia
Pedro Cordeiro começa por dizer que, neste momento, não é possível antecipar se Israel estará disposto a abdicar das exigências e regressar à proposta inicial dos Estados Unidos da América, depois de o Hamas ter garantido que não marcará presença nas negociações de cessar-fogo em Gaza.
O Irão assume que uma retaliação contra Israel só será evitada se existir um cessar-fogo, uma posição que, de acordo com o jornalista, "pressiona" Telavive.
"Nem toda a gente, nem todas as partes, está interessada em pôr fim a esta guerra. Há quem queira prolongá-la, há quem queira eternizá-la", nota.
Sublinha até que dentro dos mesmos lados do conflito há posicionamentos diferentes
O adiamento da visita de Antony Bliken, secretário de Estado dos EUA, pode dever-se ao passo atrás do Hamas ou, por outro lado, por significar aquilo que já temos vindo a antecipar: o aproximar da retaliação do Irão a Israel?
O editor de internacional do Expresso considera que pode tratar-se de ambos os cenários.
O ataque do Irão contra Israel está anunciado desde o início do mês, mas com o passar do tempo, acredita Pedro Cordeiro, "cada vez faz menos sentido que seja uma mera retaliação pelo assassínio do chefe do Hamas em Teerão".
Mas porque é que o Irão está a adiar a decisão?
"Por motivos que devem ter que ver com as movimentações diplomáticas, com a avaliação que o Irão faz dos riscos e benefícios de desferir esse ataque contra Israel, de pressões internacionais que de certeza que sofreu, nomeadamente dos EUA", explica.
O jornalista vinca que "quanto mais tempo passa menos sentido faz uma retaliação".
Incursão ucraniana "é humilhante" para Moscovo
Sobre a incursão ucraniana em território russo, Pedro Cordeiro refere que deixa a descoberto as fragilidades da Rússia e contribui negativamente para a imagem do país e para "a moral das tropas e do povo".
"Claro está que é um bocadinho de território muito pequenino, não tem nada que ver com a extensão que a Rússia controla do território ucraniano, mas de qualquer maneira é humilhante para o regime. É uma exibição pública de uma fraqueza da Rússia e pode vir a servir (...) de moeda de troca mais tarde, um dia que haja negociações", afirma.
Para além disso, esta decisão da Ucrânia obriga o exército russo a "alocar tropas de outras frentes" para defender a região de Kursk.