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Primeiro-ministro belga faz queixa contra jornalista que incentivou ouvintes a matá-lo

Jornalista da estação de rádio Waregem1 foi suspenso e já pediu desculpa pelas declarações.

JOHANNA GERON

Lusa

O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, apresentou esta quinta-feira queixa contra um apresentador de um programa de uma rádio local na Flandres por ter incentivado um ataque contra si, como aconteceu na quarta-feira contra o seu homólogo eslovaco, Robert Fico.

De Croo "apresentou queixa contra o apresentador que apelou a que o primeiro-ministro fosse 'fuzilado'", declarou Barend Leyts, diretor de comunicação do Presidente belga, na rede social X.

Leyts explicou que o jornalista apelou aos ouvintes para "irem em frente, apesar da segurança que rodeia o homem", em referência ao ataque a Fico na Eslováquia.

"O apelo à violência é punível", sublinhou o porta-voz de De Croo, que informou que o dirigente belga tinha apresentado queixa na polícia de Waregem (oeste da Bélgica) e que prosseguia a sua campanha com vista às eleições legislativas belgas de 9 de junho.

A Waregem1 declarou em comunicado que o apresentador que fez as observações foi "imediatamente suspenso" porque as considerou "despropositadas", apesar de ter afirmado que as disse "em tom de brincadeira".

A estação de rádio disse que o jornalista, que já pediu desculpa aos ouvintes e à sua empresa, "enganou-se completamente no momento e no contexto" ao fazer os comentários.

"Parece que o homem vai ser salvo", disse o apresentador sobre Fico, que acrescentou: "O culpado já foi preso. A todos aqueles que estão a pensar em matar o primeiro-ministro Alexander De Croo, mas não se atrevem por causa da segurança que rodeia o homem: estão a ver que é possível. Eu diria: 'força'".

De Croo sublinhou na quarta-feira, através das redes sociais, que o ataque a Fico é "um ataque à democracia" e que "não há justificação para este tipo de violência".

O primeiro-ministro eslovaco foi baleado no peito e no abdómen por um homem de 71 anos, que foi entretanto detido. Foi submetido a cirurgias e estava esta quinta-feira consciente e a comunicar, apesar de ainda correr risco de vida.

Desde que chegou ao poder, em 2023, Robert Fico pôs fim à ajuda militar de Bratislava à Ucrânia e apelou a conversações de paz entre Kiev e Moscovo, gerando críticas das autoridades ucranianas e dos seus aliados europeus.

Mais recentemente, no início de abril, alterou a sua posição relativamente ao conflito ucraniano, defendendo uma solução pacífica que respeite a "integridade territorial" do país.

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