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Rim de porco transplantado pela primeira vez num paciente vivo

É uma cirurgia pioneira e considerada até há pouco tempo inimaginável. Foi realizada com sucesso, no passado sábado, nos Estados Unidos, e o paciente está a recuperar bem.

Shannon Fagan

Ana Luísa Monteiro

O rim geneticamente modificado de um porco foi transplantado, pela primeira vez, num paciente vivo, anunciou esta quinta-feira o hospital de Massachusetts (MGH), nos Estados Unidos.

Os cirurgiões do Centro da Transplantes do hospital conduziram a cirurgia, que demorou cerca de quatro horas, no passado sábado, dia 16 de março. O paciente, de 62 anos, sofria de Doença Renal Crónica Terminal, e tem estado a recuperar bem da operação que, segundo o hospital, foi bem sucedida.

“O verdadeiro herói hoje é o paciente, o senhor Slayman, porque o sucesso desta cirurgia pioneira, antes considerada inimaginável, não teria sido possível sem a sua coragem e vontade de embarcar numa viagem a um território médico desconhecido”, disse Joren Madsen, Diretor do Centro de Transplantes do MGH.

O rim de porco foi geneticamente modificado com recurso a uma tecnologia que elimina genes suínos prejudiciais e adiciona certos genes humanos, de forma a melhorar a compatibilidade. Segundo o comunicado do hospital, foram ainda inativados retrovírus endógenos para afastar qualquer risco de infeção. Este trabalho foi realizado pela eGenesis, uma empresa sediada em Cambridge, que usa a tecnologia para modificar genes.

O transplante bem-sucedido num paciente vivo é um marco histórico no campo emergente do xenotransplante – o transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie para outra -, aponta o hospital, sublinhando que esta é uma “potencial solução” para a escassez de órgãos.

Em julho do ano passado, um paciente em morte cerebral foi transplantado com um rim de porco, naquela que foi mais uma experiência na área do xenotransplante. A cirurgia foi um sucesso e o rim esteve em funcionamento durante um período de tempo recorde.

Estima-se que, nos Estados Unidos, 17 pessoas morrem por dia à espera de um órgão, sendo o rim um dos mais requisitados. Os investigadores norte-americanos preveem ainda que as taxas de doença renal terminal aumentem de 29 para 68% nos Estados Unidos até 2030.

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