Mais de 1.000 esqueletos de vítimas da peste negra foram encontrados em valas comuns no centro da cidade de Nuremberg. De acordo com um comunicado da imprensa publicado na terça-feira, os especialistas acreditam que as valas contém um total de 1.500 corpos.
A descoberta foi feita durante um levantamento arqueológico para a construção de novos edifícios.
“Estas pessoas não foram enterradas em cemitérios comuns. Isto significa que um grande número de pessoas precisava de ser enterrada num curto espaço de tempo sem ter em conta as práticas cristãs”, disse à CNN Melanie Langbein, do Departamento de conservação do património de Nuremberg.
Encontrado bilhete de 1634
Através de um método chamado “radiocarbon dating”, os arqueólogos conseguiram datar as valas entre o final de 1400 e o início de 1600. No local encontraram ainda fragmentos de cerâmica e moedas datadas do final desse período de tempo.
Descobriram também um bilhete de 1634 onde está detalhado um surto de peste que matou mais de quinze mil pessoas entre 1632 e 1633. Esse bilhete diz que quase duas mil pessoas foram enterradas perto de St. Sebastian Spital, o local de escavação atual.
Julian Decker, proprietário da empresa que está a realizar as escavações, acredita que o local possa conter mais de 1.500 corpos e ser, até a maior vala comum da Europa.
O que é que se vai investigar nas escavações?
Os investigadores dizem que as valas contêm uma amostra representativa da sociedade da época, o que vai permitir examinar as características da população.
“Podemos através de meios estatísticos explorar o tamanho e a demografia da cidade com as mesmas ferramentas que uma equipa de censo moderna usaria para com uma população recente”, disse Julian Decker.
O próximo passo é trabalhar para concluir a escavação, tal como a limpeza e análise do material ósseo, diz Melanie Langbein. Acrescentou ainda que haverá colaborações com instituições interessadas em certos aspetos das descobertas, incluindo a análise do genoma da peste e a investigação de ovos de parasitas que se encontrem no solo.
“Também estamos a planear uma exposição, mas isso vai levar algum tempo. O outono de 2025 seria o mais cedo que poderíamos estar prontos”, afirmou Melanie Langbein.