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Há crianças na Ucrânia que "já passaram cerca de 200 dias nos últimos dois anos no subsolo", alerta UNICEF

Em entrevista à SIC, a agência das Nações Unidas alerta para consequências na saúde mental e na educação.

SIC Notícias

A UNICEF revela que, em dois anos de guerra na Ucrânia, há crianças que já passaram cerca de sete meses em abrigos subterrâneos.

Em entrevista à SIC, a agência das Nações Unidas alerta para consequências na saúde mental e na educação.

"O mundo tem muito respeito pela resiliência dos ucranianos e com razão, mas isso tem um custo. Tem um custo na saúde mental, sobretudo para as crianças", começou por referir James Elder, porta-voz da UNICEF.

"Os ataques lá são muito contínuos, os alarmes de ataques aéreos são muito persistentes. As crianças nessas zonas da linha da frente já passaram cerca de 200 dias nos últimos dois anos, no subsolo, em bunkers e em caves, porque os pais ainda têm muito medo e com razão", acrescentou.

"Há dois dias, caminhava pelo chão queimado de uma casa que tinha ardido após um ataque de mísseis onde três meninos, de 7 e 4 anos e 7 meses, morreram queimados. Portanto, a ameaça física é muito real", alertou o porta-voz da UNICEF.

Para James Elder não há dúvidas que enquanto isto continuar a acontecer haverá um grande impacto psicológico e isolamento, garantindo que "a falta de educação para crianças está também a afetar muito as suas vidas".

"A curto prazo, estamos a ver crianças a sofrer de muito stress e ansiedade. Falei com pedopsicólogos e é melhor explicar o que eles dizem: as crianças mais pequenas sentem muita raiva e sentem medo em situações sociais", disse James Elder acrescentando "todos os pais querem para os filhos que estejam numa situação social, mas eles ficam com medo e isolam-se. A educação deles está muito afetada".

Segundo James Elder, "em Kharkiv, em 700 escolas, só duas é que estão a funcionar. As crianças só têm aulas em duas de 700 escolas e não estão abertas a tempo inteiro. Já falei com crianças que só foram à escola uma semana nos últimos quatro anos: dois anos de covid, dois anos destes ataques".

O porta-voz da UNICEF deixou ainda o alerta, "essa quebra na educação tem um enorme impacto na saúde das crianças, mas também, a longo prazo, para o país. Há um claro custo económico que a Ucrânia pagará e a Europa também, se estas crianças continuarem a ver a sua educação interrompida".

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