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Navalny não era o único opositor de Putin preso. Eis mais nove ativistas atrás das grades

Depois de muitos anos de luta contra o regime de Putin, Navalny morreu na prisão. É também na prisão que estão outros ativistas políticos, acusados de "extremismo". Quem são e o que fizeram?

Leonardo Monteverde

Rita Rogado

Depois de várias perseguições, detenções e muitos anos preso (e até um envenenado), Alexei Navalny, principal opositor do regime de Vladimir Putin, morreu numa prisão do Ártico, onde cumpria pena de 19 anos. Mas há mais presos políticos na Rússia. A maioria foi condenada por alegados extremismos. Eis nove ativistas presos.

Ilya Yashin

Ilya Yashin é aliado de longa data de Navalny e ex-líder de um partido da oposição. Tem 40 anos.

Foi condenado em dezembro de 2022 a oito anos e meio de prisão por declarações no canal de Youtube sobre alegados crimes de guerra cometidos por Moscovo. A Rússia alegou que eram "informações falsas" sobre as suas forças armadas.

Depois de conhecer a sentença, Ilya Yashin deixou claro: é "melhor passar 10 anos atrás das grades como um homem honesto" do que "arder silenciosamente com a vergonha do sangue derramado pelo Governo".

Vladimir Kara-Murza

Vladimir Kara-Murza é um político e ex-assessor de Boris Nemtsov, uma figura da oposição assassinada em 2015.

Foi condenado em abril do ano passado a 25 anos de prisão por "traição e outras acusações", diz a agência Reuters. Em causa esteve um discurso na Câmara dos Representantes do Estado do Arizona ao denunciar a invasão da Ucrânia pelas tropas russas.

Com 42 anos, Kara-Murza foi transferido, no final de janeiro, de uma prisão em Omsk para uma nova prisão na Sibéria.

O ativista político já sobreviveu a duas tentativas de envenenamento.

Igor Girkin

Igor Girkin, de 53 anos, é um ex-comandante crítico do Kremlin. É conhecido por Strelkov.

Foi detido em julho do ano passado, acusado de "extremismo" em publicações a criticar líderes russos, incluindo o Presidente Vladimir Putin, no "Clube dos Patriotas Furiosos", criado por si. Em janeiro, a justiça russa anuncia: quatro anos de prisão.

Girkin apresentou a candidatura às eleições presidenciais de 2024, alegando que podia fazer um trabalho melhor que Putin.

Em 2014, Girkin liderou os rebeldes pró-Rússia apoiados pelo Kremlin na sua luta contra as Forças Armadas ucranianas na autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste do país.

Em 2022, um tribunal dos Países Baixos condenou-o, sem a sua presença, a prisão perpétua, pelo abate do voo MH17 da Malaysia Airlines, ocorrido em julho de 2014, quando este sobrevoava o leste da Ucrânia com 298 pessoas a bordo.

Liliya Chanysheva, Vadim Ostanin e Ksenia Fadeyeva

Chanysheva, Ostanin e Fadeyeva são ex-funcionários de campanha de Alexei Navalny e da sua organização anticorrupção (FBK).

Chanysheva dirigiu a campanha política na cidade de Ufa. Foi condenada em junho a uma pena de sete anos e meio por "criar uma organização extremista".

Ostanin dirigia a sede local de Navalny na cidade siberiana de Barnaul. Foi condenado a nove anos de prisão por "participar numa comunidade extremista".

Fadeyeva foi chefe do FBK em Tomsk, na Sibéria. Foi condenada a nove anos e meio de prisão por "dirigir uma organização extremista".

Igor Sergunin, Alexei Liptser, Vadim Kobzev

Sergunin, Liptser e Kobzev eram advogados de Alexei Navalny. Foram detidos em outubro por suspeitas de "pertencerem a um grupo extremista". Estão a ser acusados de usar a ligação a Navalny para atividades extremistas atrás das graves.

Este mês, o Ministério do Interior da Rússia adicionou mais dois advogados - Olga Mikhailova e Alexander Fedulov - do principal opositor russo à lista dos procurados. No entanto, acredita-se que estejam ambos fora da Rússia.

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