Prestes a completar dois anos, a guerra na Ucrânia está a ser responsável por uma nova ordem mundial, de alianças e inimizades, que vai marcar a geopolítica. Nas próximas décadas, na frente dos países ocidentais, particularmente os que fazem fronteira com o conflito, a união inicial tem dado lugar a brechas que incluem também os Estados Unidos.
Não se pode dizer que antes o mundo estivesse propriamente unido, mas as várias fraturas existentes agudizaram-se a partir da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia.
Estados Unidos, Reino Unido e outros membros da NATO desde logo começaram a fornecer armas e material antitanque, mal começou a concentração das tropas russas junto à fronteira da Ucrânia a pretexto de um suposto exercício militar com a Bielorrússia.
Depois de 24 de fevereiro de 2022, grandes dotações de ajuda militar oriundas dos Estados Unidos e outros aliados da NATO começaram a fluir para a Ucrânia, sobretudo através da Polónia. A União Europeia canalizou pela primeira vez através das próprias instituições milhões em ajudas e material letal e até países anteriormente neutros, como Finlândia, a Suécia, prestes a integrar a NATO, e a Alemanha, historicamente com limitações ao envolvimento em conflitos bélicos desde a II Guerra Mundial, participaram no apoio ao esforço de guerra ucraniano.
Critico do apoio europeu à Ucrânia, o primeiro-ministro da Hungria saiu da sala no momento do voto do último Conselho Europeu, mas em tempos de divisões as brechas surgem de onde menos se espera.
A Eslováquia, cujo primeiro-ministro é descrito como sendo próximo do Kremlin, não tem até agora bloqueado os apoios comunitários.
Mais surpreendente a ameaça surge dos Países Baixos, com uma vitória eleitoral de um líder populista que fez campanha pelo corte do apoio à Ucrânia.
Mas a mais inesperada declaração veio da maior potência mundial e contribuinte da NATO. Parte de um ex-Presidente e mais que provável candidato Republicano às eleições norte americanas do novembro, que incentivou a Rússia a atacar os países da NATO que não gastem 2% do PIB do orçamento em defesa.
Do lado da Rússia há muito que são conhecidos os aliados.