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Hussam Al-Attar, o "Newton de Gaza" (ou a história de quando das trevas se faz luz)

Esta é a história de Hussam Al-Attar, um jovem de 15 anos que no meio do nada encontrou a luz, ao pôr o vento que corre sobre as tendas em Rafah ao seu serviço.

Pedro Miguel Costa

Para muitos palestinianos, colocados em campos de refugiados, pouco resta a não ser viver com o mínimo. É no meio do que é comum que sobressai a história de Hussam, um jovem de 15 anos que inventou uma forma de dar à família parte do que faltava: eletricidade.

Há um vazio entre quem tinha o básico e agora tem menos do que tinha.

“Fugimos o norte para Rafah, no campo [de refugiados], passámos os primeiros 20 dias na escuridão. Era muito escuro à noite e eu tinha pena da minha mãe, do meu pai e dos meus irmãos, por causa da escuridão total que havia aqui”, começa por contar este deslocado palestianiano de seu nome Hussam Al-Attar.

Esta é a história de Hussam Al-Attar, que no meio do nada encontrou a luz, ao pôr o vento que corre sobre as tendas em Rafah ao seu serviço.

“Fui ao mercado de sucata e encontrei estas ventoinhas. Trouxe-as para aqui e pensei que podia fazer um moinho de vento que gerasse eletricidade. A primeira tentativa falhou. A segunda gerou eletricidade, mas era fraca. E à terceira tentativa, trouxe outra ventoinha e instalei-a sobre elas e funcionou. Liguei-as a fios e acendi lâmpadas através delas. Portanto, funcionou”, celebra o jovem.

Em vez da gravidade, Hussam encontrou uma forma de atirar ao chão um problema

“Quando as ventoinhas rodam geram fricção no interior do dínamo magnético e, ao rodar, geram uma corrente elétrica que percorre os fios que vão para a tenda”, explica o jovem palestiniano.

“Fiquei muito feliz por ter conseguido fazer isto, porque aliviei o sofrimento da minha família”, conclui Hussam.

Cerca de metade da população de Gaza está agora concentrada em Rafah, o equivalente a mais de um milhão de pessoas, atualmente com muito pouco.

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