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"No dia em que Netanyahu parar a ofensiva, com reféns ainda por regressar, tem o futuro político comprometido"

Ricardo Alexandre, jornalista da TSF e comentador da SIC, acredita que "não há grande margem para se poder pensar que Netanyahu vai ceder, porque a sua sobrevivência política está dependente da guerra".

SIC Notícias

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, rejeitou esta quarta-feira os termos "delirantes" do Hamas para um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns, mas Anthony Blinken disse que ainda há espaço para acordo, refere Ricardo Alexandre.

O grupo islamita Hamas propôs um acordo de trégua em três fases, que incluiria a libertação dos reféns raptados em 07 de outubro e a retirada total das tropas israelitas da Faixa de Gaza. Este acordo em 3 fases, 45 dias de cada fase. A última dessas fases é a troca dos restos mortais de reféns e prisioneiros.

“Eu penso que, se essa fase fosse diluída e acompanhasse as duas fases anteriores, seria mais fácil Israel poder ter espaço para aceitar, uma vez que os restos mortais dos reféns que estão mortos é, nesta altura, uma prioridade para muitas famílias israelitas (…) fazer isso só depois de concluída a operação militar e das tropas israelitas estarem fora de Gaza é algo que dificilmente Israel vai aceitar.

Ontem, o secretário de Estado norte-americano repetiu a Netanyahu as preocupações com os civis, mas estes avisos são de facto recebidos com alguma credibilidade. A pressão americana não está a funcionar, “a avaliar por aquilo que é o discurso público de Benjamin Netanyahu, quando ele disse que as propostas do Hamas são delirantes, que Israel procura uma vitória total, que está a poucos meses de a conseguir, quando se sabe que há mais de 1 milhão de deslocados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, fronteira com o Egito, e que Israel se prepara para lançar uma operação militar de grande envergadura”.

O próprio Secretário de Estado norte-americano já chamou a atenção para para a delicadeza da situação em Rafah e para evitar que Israel faça em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, aquilo que já fez noutros noutros pontos do território palestiniano e “leva-nos a pensar que não há grande margem para se poder pensar que Netanyahu vai ceder, até porque a sua sobrevivência política está dependente da guerra”.

"No dia em que Netanyahu parar a ofensiva, com os reféns ainda por regressar a casa, tem o futuro político como completamente comprometido. Netanyahu depende da guerra para se aguentar no poder nesta altura".

Apoio dos EUA à Ucrânia e a Israel

O projeto de lei preparado por um grupo de senadores democratas e republicanos com a Casa Branca para restringir a migração na fronteira em troca da aprovação de ajuda militar à Ucrânia, foi esta quarta-feira rejeitado no Senado norte-americano.

“A ajuda quer à Ucrânia, quer a Israel são prioridades da política externa da Administração Biden. Os Republicanos têm feito tudo para o complicar. Sabe-se que Donald Trump era contra este acordo, provavelmente os senadores Republicanos podem ter sido pressionados também pelo ex-Presidente e agora candidato para não assumirem esse acordo”.

Inicialmente, os Republicanos aceitaram reforçar o pacote da ajuda militar em troco de isso ser equiparado a um investimento na fronteira com o México, haver um controlo da imigração, muito mais apertado, muito mais medidas de segurança na fronteira. Primeiro concordaram com isso e depois voltaram atrás.

Os democratas vão ainda hoje propor uma nova lei e desta vez não tocando na questão da fronteira e centrada apenas na ajuda militar, quer à Ucrânia quer a Israel.

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