O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu, esta quarta-feira, uma abordagem global à Inteligência Artificial (IA), que "afetará toda a humanidade" e "está já a criar riscos" em torno da desinformação e da privacidade.
Numa apresentação perante a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) das suas prioridades para 2024, Guterres avaliou que, desde os cuidados de saúde até à educação, e da ação climática aos sistemas alimentares, a IA generativa é a "ferramenta potencial mais importante para construir economias e sociedades inclusivas, verdes e sustentáveis".
Contudo, o líder da ONU observou que, além dos efeitos e riscos que está a criar, a IA está também concentrada em poucas empresas e em ainda menos países, gerando desigualdades.
"A tecnologia deve reduzir as desigualdades e não reproduzi-las - ou colocar as pessoas umas contra as outras. A IA afetará toda a humanidade, por isso precisamos de uma abordagem universal", defendeu.
As Nações Unidas lançaram no ano passado um órgão consultivo sobre IA com o intuito de reunir Governos, empresas privadas, universidades e sociedade civil em torno de um alinhamento mais estreito entre as normas internacionais e a forma como a tecnologia é desenvolvida e implementada.
O órgão consultivo da IA publicará o seu relatório final no próximo verão, e as suas recomendações contribuirão para o Pacto Digital Global proposto para adoção na Cimeira do Futuro, em setembro deste ano.
"A Inteligência Artificial não deve substituir a iniciativa humana. Foi criada por humanos e deve estar sempre sob controlo humano", advogou hoje Guterres.
E acrescentou:
“Devemos agir rapidamente, ser criativos e trabalhar em conjunto para garantir barreiras de proteção e padrões éticos adequados, promover a transparência e desenvolver capacidades nos países em desenvolvimento”.
Guterres alertou ainda que a velocidade e o alcance da desinformação e do ódio têm aumentado exponencialmente na era digital, resultando na ascensão do antissemitismo, da intolerância anti muçulmana, da perseguição de comunidades cristãs minoritárias e da ideologia da supremacia branca.
"Estamos a pressionar as empresas tecnológicas a assumirem a sua responsabilidade de parar de amplificar e capitalizar a propagação de desinformação tóxica e outros conteúdos nocivos", indicou.