Mundo

Crise na habitação: estrangeiros continuam proibidos de comprar casa no Canadá

As exceções a esta lei, que só se aplica às residências urbanas e não às propriedades turísticas, continuam a ser previstas para os refugiados ou residentes permanentes, bem como para certos estudantes internacionais e trabalhadores temporários.

Canva

SIC Notícias

A proibição de comprar casas em cidades no Canadá, imposta pelo país a investidores estrangeiros desde 2023, será prorrogada até ao fim de 2026 para fazer face à escassez de casas e apartamentos, anunciou o Governo.

"Ao alargar a proibição do investimento estrangeiro, garantimos que os apartamentos servem de domicílio para as famílias canadianas e não se tornam um ativo financeiro especulativo", declarou a vice-primeira-ministra canadiana, Chrystia Freeland, num comunicado divulgado.

A acusação de Trudeau

O governo liberal de Justin Trudeau acusa os investidores estrangeiros de terem feito subir os preços dos imóveis ao longo dos anos, nomeadamente nos grandes centros urbanos.

No entanto, muitos especialistas acreditam que esta proibição de compradores estrangeiros - que representavam entre 2% e 7% dos proprietários de casas no Canadá em 2021, de acordo com a agência federal de estatísticas - não terá o efeito desejado de tornar as casas mais acessíveis.

Em vez disso, apontam para a necessidade de se construírem mais casas para satisfazer a procura.

Apartamentos disponíveis nunca foi tão baixo desde 1988

Ao mesmo tempo, a procura de habitações para arrendamento voltou a ultrapassar largamente a oferta em 2023, e o número de apartamentos disponíveis para arrendamento nunca foi tão baixo desde 1988, fazendo subir consideravelmente as rendas, segundo um relatório recente.

Muito criticado nesta matéria pela oposição, o Governo fez uma série de anúncios nos últimos meses e planeou afetar milhares de milhões de dólares à construção de novas habitações, bem como à reafetação de terrenos federais para a construção de apartamentos.

Em meados de janeiro, o Canadá anunciou a introdução de um limite máximo para os vistos de estudantes estrangeiros, cujo número explodiu nos últimos anos, agravando a crise da habitação, segundo o Governo.

O Canadá decidiu limitar, durante dois anos, o número de estudantes estrangeiros que poderão entrar no país. Com esse novo limite, o número de autorizações de permanência a alunos internacionais deverá cair 35%.

Segundo o ministro da Imigração, Marc Miller, o Canadá pretende aprovar, este ano, cerca de 360 mil permissões para estrangeiros na graduação. Mas se este número lhe soa alto, a verdade é que só em 2022 o país abrigava mais de 800 mil alunos de fora.

Esta nova medida vai aplicar-se somente aos novos pedidos, adiantou ainda o Executivo de Justin Trudeau.

Autorizações de trabalho também serão afetadas

A partir do mês de setembro, o governo ainda deixará de conceder autorizações de trabalho, na região de Ontário, a estudantes formados nas universidades público-privadas. E qual a razão? É simples. O ministro da Imigração diz que, assim, é uma forma de impedir que algumas escolas privadas se aproveitarem do sistema.

Para o ministro, as novas medidas "não são contra estudantes estrangeiros" no Canadá, mas destinam-se a garantir que os futuros alunos recebam a "educação de qualidade para a qual se matricularam".

Com esta alteração, cada província e território só vai poder conceder um determinado número de autorizações de residência, que dependem da densidade populacional de cada local.

Com Lusa

Últimas