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Protesto de agricultores tem retido centenas de camiões e motoristas

Uma empresa de transportes portuguesa conta que tem recebido relatos de vários condutores forçados a parar "em qualquer sítio". Um dos motoristas relata mesmo que alguns agricultores se tornam agressivos.

Catarina Lúcia Carvalho

Eurico Bastos

O bloqueio nas estradas francesas está a ter impacto direto nas empresas portuguesas de transportes. O protesto tem retido centenas de camiões e motoristas, o que, nas sedes das empresas, obriga a um imenso trabalho de gestão de rotas alternativas.

Há uma semana que os contactos entre o departamento de controlo de tráfego e os motoristas são constantes. Cerca de 25% da frota de uma empresa de transportes de Estarreja está retida pelos bloqueios em França.

“Sempre que vemos que há um ponto crítico, procuramos antecipar essa situação e contactamos os condutores para procurar rotas alternativas”, conta à SIC Sérgio Moutinho, diretor-geral da Transportes J. Amaral.

Um dos motoristas desta empresa, José Luís, está a 50 quilómetros de Bordéus, com destino a Espanha. Já leva seis horas de atraso no trajeto.

Para já, a empresa não tem registo de danos nas viaturas que vão ficando retidas, mas os relatos dos motoristas dão conta de conflitos com os agricultores.

“O problema é se entramos aqui nalgum conflito com eles, eles tornam-se agressivos”, revela José Luís Pereira.

A “nossa postura é de obediência”

“Temos tido algumas viaturas em que os condutores são forçados a parar em qualquer sítio. A nossa postura junto desses bloqueios é de total obediência”, acrescenta Sérgio Moutinho.

Os bloqueios atrasam o transporte de todo o tipo de mercadorias, com vários prejuízos para as empresas e um expectável impacto na economia, avisa a Associação de Transportadores Rodoviários de Mercadorias.

“Isto é uma coisa brutal do ponto de vista de abastecimento. Se haverá uma disrupção no futuro? Com certeza. Se isto se mantiver por mais cinco dias, os consumidores vão começar a sentir. Não estamos a falar de bens de primeira necessidade e queremos deixar isso bem claro, mas estamos a falar de bens que vão desde o abastecimento dos processos automóveis a todo o tipo de mercadorias”, explica André Matias de Almeida, da ANTRAM.

Os bloqueios que afetam o transporte português de mercadorias começaram há uma semana. As empresas temem que a situação se agrave com o anunciado alastrar dos protestos a outros países.

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