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Rapper foi preso por nudez (em festa) e agora apresenta-se para recrutamento militar

O rapper russo Vacio participou numa festa, que tinha o código de vestuário "quase nu", apenas com uma meia a cobrir os órgãos genitais. Também participaram no evento estrelas locais como a jornalista e apresentadora Ksenia Sobchak, cantores, atores e realizadores.

Instagram @vazio

SIC Notícias

Lusa

O 'rapper' russo Vacio, que causou escândalo por participar numa festa de celebridades em Moscovo apenas com uma meia a cobrir os genitais, comparece esta terça-feira numa unidade de recrutamento militar, após ter sido detido.

A festa de celebridades com o código de vestuário "quase nu", organizada pela 'blogger' russa Anastácia Ivleeva numa discoteca de Moscovo a 20 de dezembro, motivou críticas políticas ao mais alto nível, mas o único detido foi o 'rapper´ de nome Nikolai Vasiliev.

Participaram na festa, realizada numa discoteca da capital russa, estrelas locais como a jornalista, 'socialite' e apresentadora de 'reality shows' Ksenia Sobchak - já ligada a outros escândalos e figura da oposição ao regime -, e os cantores Filip Kirkorov e Dima Bilan, além de vários atores e e realizadores.

A promotora da festa, Anastácia Ivleeva, tem 34 anos, é atriz, apresentadora de um canal de televisão consagrado ao divertimento e 'blogger' no Instagram, Tik Tok e Youtube, em que é seguida por 35 milhões de pessoas.

Logo depois da festa começaram a circular fotos e vídeos nas redes sociais, incluindo de Vacio, que chegou ao local apenas com uma meia branca a tapar-lhe os órgãos genitais e foi punido judicialmente por um crime de vandalismo menor.

Intimidado a inscrever-se para recrutamento militar

Além de continuar detido, Vacio foi intimado a inscrever-se para o recrutamento militar.

"O músico, que se encontra num centro de detenção, em regime de confinamento solitário, está a trabalhar em novas músicas", ironizou Alexei Lobarev, membro da Comissão de Monitorização Pública.

O 'rapper' disse à comunicação social não entender por que foi preso uma segunda vez após cumprir a pena de 10 dias de detenção, devendo apresentar-se hoje uma unidade de recrutamento militar.

Na festa, disse ainda ter sido "provocado por dois homens vestidos com roupas femininas, que arrancaram a meia", rejeitando ser homossexual para não ser processado no âmbito das leis russas.

Apesar de não estar excluída a sua ida para a frente de combate, parece ser pouco provável que Vacio chegue alguma vez a vestir a farda, já que uma anterior inspeção militar na sua terra natal de Iekaterinburgo o deu como inapto.

"Em minha defesa, direi que se tratou de um ato de cultura 'rock and roll', chocante e provocador!", disse o 'rapper'.

A justificação para a primeira prisão de Vacio, acompanhada de uma multa de 200 mil rublos (cerca de 2 mil euros), foi a violação da ordem pública e o uso de linguagem obscena. Deveria ter sido posto em liberdade no passado dia 5 de Janeiro.

Muitos dos famosos que participaram na festa, incluindo Ivleeva, sua organizadora, pediram desculpa às autoridades e à sociedade.

O clube Mutabor, onde teve lugar a festa "quase nua", foi fechado provisoriamente. Hoje, o tribunal de Lefortovo ponderará o seu encerramento por 90 dias por violação das normas sanitárias e epidemiológicas em vigor na Rússia.

Com o país envolvido há quase dois anos na invasão da Ucrânia, legisladores conservadores, 'bloggers' e outros desencadearam uma tempestade de críticas, alegando que as imagens eram impróprias, e até mesmo antipatrióticas, para um país envolvido numa guerra.

O próprio Presidente russo, Vladimir Putin, terá visto e criticado as fotografias do encontro milionário de artistas, de acordo com a imprensa russa.

Com as fotografias e vídeos da festa a circular nas redes sociais, alguns deputados, como Maria Butina e os conservadores Nina Ostanina e Vitali Milonov, exigiram que o evento fosse verificado pelas autoridades sob o prisma da propaganda LGBT, proibida na Federação Russa.

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