A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, renunciou ao cargo. O anúncio foi feito, esta segunda-feira, pela Presidência francesa. No Twitter, Emmanuel Macron agradeceu “de todo o coração” à governante.
“Senhora primeira-ministra, o trabalho ao serviço da nossa Nação tem sido exemplar todos os dias. Implementou o projeto com coragem, comprometimento e determinação. De todo o coração, obrigado”, escreveu.
Na carta de demissão ao chefe de Estado, Borne considerou que era “mais necessário que nunca” prosseguir as reformas no país.
“Quero dizer-vos o quão apaixonada sou pela missão, guiada por preocupação constante de alcançar resultados rápidos e tangíveis para os nossos cidadãos", apontou.
A próxima remodelação do Governo tem como objetivo dar um novo fôlego ao segundo mandato presidencial de Emmanuel Macron, que não tem maioria absoluta na Assembleia Nacional e enfrenta dificuldades, sobretudo a ascensão da extrema-direita. Macron não poderá recandidatar-se em 2027.
A “gota de água”
O correspondente da SIC em França, Guilherme Monteiro, explica que o Presidente Macron pediu à primeira-ministra para se demitir.
Nas eleições legislativas de 2022, a coligação centrista que apoia o Governo de Macron perdeu a maioria absoluta e acabou por ficar dependente dos votos dos Republicanos, partido de centro-direita, lembra o jornalista da SIC.
Desde então, a primeira-ministra "tem passado quase todas as principais reforças" por decreto.
A "gota de água" foi quando, poucos dias antes do Natal, uma polémica lei que endurece a política migratória foi aprovada na Assembleia, com o apoio da extrema-direita de Marine Le Pen. Borne não conseguiu reunir consenso para aprovar projeto-lei inicial do Governo.
A nova lei inclui a criação do crime de residência ilegal e a possibilidade de o passaporte francês ser retirado a cidadãos com dupla nacionalidade que cometam certos crimes.
Pensões e imigração
Nos 20 meses na chefia do Executivo, Borne levou a cabo a revisão da lei das pensões (que aumentou a idade de aposentação) e a polémica lei da imigração.
Sucessor
Macron ainda não anunciou o sucessor, mas de acordo com a imprensa francesa, o ministro da Educação, Gabriel Attal, é apontado como o favorito a suceder-lhe. Aos 34 anos, tornar-se-ia o mais jovem primeiro-ministro da V República.
Élisabeth Borne, de 62 anos, foi a segunda mulher no cargo de chefe do Executivo na história da República Francesa. Ultrapassou em muito o mandato (10 meses e 18 dias) de Édith Cresson, nomeada em maio de 1991, pelo então Presidente, François Mitterrand.
Borne assegura as funções até à nomeação do novo Governo, indica o Palácio de Eliseu em comunicado.
Era primeira-ministra desde maio de 2022.
[Artigo atualizado pela última vez às 18:24]