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Matar o número 2 do Hamas que tem reféns "pode não ser a estratégia mais adequada"

Ricardo Alexandre, jornalista da TSF e comentador da SIC, faz uma análise às consequências do ataque israelita que matou o líder do Hamas no Líbano e a intensificação dos bombardeamentos russos contra a Ucrânia.

SIC Notícias

O número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto esta terça-feira num ataque israelita nos subúrbios de Beirute, revelou o movimento islamita palestiniano no seu canal oficial, Al-Aqsa TV.

“Para Israel é uma concretização de um objetivo militar que foi definido já há bastante tempo, que era eliminar a liderança do Hamas, seja a liderança do Hamas na Faixa de Gaza ou até no exterior (…) Por outro lado, representa de facto um perigo de escalada do conflito”.

É a primeira vez que Israel ataca a capital libanesa desde que começou a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza. Têm acontecido escaramuças, confrontos até entre o Hezbollah, o movimento xiita libanês no sul do Líbano, fronteira com o norte de Israel, mas Israel ainda não tinha levado a cabo nenhuma operação na capital libanesa.

O ataque foi “bastante cirúrgico”, foi um drone que matou, além de Arouri, seguranças e outros membros do Hamas na capital libanesa, onde Arouri era “uma espécie de de embaixador, de negociador. Negociava não só com Hezbollah, como tem negociado com outras fações palestinianas e até com autoridades israelitas”.

Ricardo Alexandre refere que Israel de facto concretizou com sucesso este objetivo do ponto de vista militar, mas tem dúvidas sobre o impacto sobre o segundo objetivo de Israel com esta guerra: libertar os reféns às mãos do Hamas.

“Quando se mata o número 2 de uma organização que tem em cativeiro ainda, aparentemente, 100 e tal pessoas, 120 pessoas, pode não ser a estratégia mais adequada quando se sabe até que Arouri foi um dos principais negociadores para a libertação de reféns depois do 7 de Outubro”.

Intensificação dos ataques russos

Nos últimos dias tem havido uma notória A Rússia lançou cerca de 300 mísseis e 200 drones contra a Ucrânia desde 29 de dezembro, denunciou esta terça-feira o Presidente ucraniano.

"É uma fase com grande intensidade (…) temos estado num momento de retaliação, atrás de retaliação, cada ataque de uma parte é retaliação pelo ataque concretizado anteriormente pelo outro (…) em que, no entanto, não há propriamente avanços significativos no terreno".

O último ataque da Rússia, estima a Forbes, terá custado 620 milhões de dólares. A Rússia tem capacidade de guerra para voltar a fazer consecutivamente ataques como estes, “provavelmente não indefinidamente”, mas “conseguiu fontes de financiamento para a sua economia”.

“A Rússia provou, ao longo destes quase 2 anos, ter músculo, quer em termos humanos, quer em termos de de equipamentos, ao contrário do que várias vezes se foi dito no Ocidente, para continuar esta operação. E sabemos também que a Rússia, através de outros aliados regionais e outras potências que não estão propriamente aliadas com o Ocidente, conseguiu fontes de financiamento para a sua economia e que os danos das sanções do Ocidente na economia não foram tão graves quanto há um ano e tal pensaríamos”.

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