O exército israelita e o movimento islamista palestiniano Hamas envolveram-se este domingo em violentos combates no sul da Faixa de Gaza, onde centenas de milhares de pessoas tentam desesperadamente proteger-se, indicaram fontes do Hamas. Israel diz que o movimento começa a mostrar “sinais de colapso".
A força aérea israelita efetuou "ataques aéreos muito violentos", ao início do dia, perto de Khan Younis e na estrada entre esta cidade e Rafah, perto da fronteira com o Egito, de acordo com o movimento islamita palestiniano. Algumas horas mais tarde, uma fonte próxima dos ramos militares do Hamas e do movimento Jihad Islâmica disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que os dois grupos estavam envolvidos em "violentos confrontos" em torno de Khan Younis.
“Vemos terroristas a render-se, é um sinal do colapso do sistema”
O chefe do Estado-Maior do exército israelita defendeu, também este domingo, que o Hamas está a dar sinais de colapso e que é preciso manter a pressão para que os militantes se rendam.
“Vejo as nossas conquistas de dia para dia. Todos os dias vemos terroristas a serem mortos, a serem feridos. Nos últimos dias, temos visto terroristas a render-se, o que é um sinal do colapso do sistema, um sinal de que temos de ir ainda mais além”, defendeu Herzi Halevi.
De acordo com fontes médicas palestinianas, citadas pela agência de notícias palestiniana WAFA, pelo menos 10 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas quando as forças israelitas bombardearam uma casa em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.
O exército israelita afirmou "ter intensificado" as operações nestas zonas do sul da Faixa de Gaza.
"Temos de aumentar a pressão", acrescentou o chefe do Estado-Maior do exército, Herzi Halevi.
Mais de 17.700 mortos e milhares sem acesso a água ou alimentos
Os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza já causaram 17.700 mortos e 48.780 feridos, anunciou, ainda no sábado, o Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas.
Logo no início da ofensiva terrestre, o exército israelita tinha pedido à população do norte da Faixa de Gaza que se deslocasse para o sul. Mas com a intensificação dos combates no sul, e após o veto dos Estados Unidos, no Conselho de Segurança da ONU, a uma resolução que propunha um cessar-fogo, os receios aumentam para a população civil da Faixa de Gaza, nomeadamente no sul.
“Estamos cercados, a nossa vida é um inferno”
Os hospitais de Gaza continuam sobrecarregados e há milhares de deslocados palestinianos sem acesso a água, alimentos e outros bens essenciais.
A situação é descrita como trágica. Muitos palestinianos dizem que estão a viver num inferno e desesperam para conseguir alimentar as suas crianças.
“Não há gás para cozinhar, nem trigo. O pão já tem vários dias e é preciso aquecê-lo para as crianças poderem comer. Estamos cercados, não podemos ir para sul. Não há comida enlatada, não há arroz. A nossa vida é um inferno”, lamenta uma mulher palestiniana aos jornalistas.
Outra mulher acrescenta: “Os nossos filhos têm fome, a água é imprópria para consumo. Não há vida em Gaza. Não temos comida, não temos segurança para os nossos filhos”.
Com agências