A libertação anunciada para este sábado, de 14 reféns do Hamas e de 42 prisioneiros palestinianos, foi adiada até que Israel permita a entrada de mais ajuda humanitária no norte de Gaza.
A ala militar do Hamas, as Brigadas Qassam, afirma ter decidido adiar a libertação do segundo grupo de reféns até que Israel se comprometa a deixar entrar camiões de ajuda no norte de Gaza.
Um porta-voz do Hamas informa que um total de 340 camiões de ajuda humanitária entraram em Gaza desde sexta-feira e que apenas 65 desses camiões chegaram ao norte de Gaza, "menos de metade do que Israel tinha acordado".
Israel ameaça suspender cessar-fogo
De acordo com o Times of Israel, se o próximo grupo de reféns israelitas não for libertado até à meia-noite, o exército israelita voltará às “operações terrestres” na Faixa de Gaza.
A informação chega de um funcionário israelita e é citada em vários meios de comunicação hebraicos. Não há, no entanto, confirmação oficial.
Sabe-se que o acordo assinado previa a libertação de pelo menos 50 reféns em troca de 150 prisioneiros palestinianos e um cessar-fogo de quatro, bem como o aumento de ajuda humanitária a Gaza.
O Hamas acusa Israel de violar os termos do acordo, o que Israel nega.
A libertação do segundo grupo de reféns estava prevista para as 14:00 (hora de Lisboa, 16:00 em Gaza).
Uma fonte citada pela agência Reuters diz que o Egito e o Qatar estão a tentar mediar este impasse.
ONU afirma que a ajuda humanitária entrou ontem no país
O atraso na libertação dos reféns parece dever-se, em parte, a uma disputa sobre o número de camiões de ajuda que entraram em Gaza no âmbito do acordo, mais especificamente, quantos chegaram ao norte de Gaza, noticia a britânica BBC.
A agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente disse na sexta-feira que a ajuda tinha chegado no mesmo dia ao norte de Gaza pela primeira vez num mês, e a ONU disse que 137 camiões entraram ontem em Gaza no total.
O Crescente Vermelho Palestiniano calculou em 196 o número de camiões que atravessaram Rafah.
Este sábado, o coordenador das Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT) de Israel afirmou que a ONU tem estado a entregar mais de 50 camiões com ajuda humanitária - alimentos, água, abrigos e material médico - através do norte da Faixa de Gaza e em abrigos que ainda não tinham sido evacuados.
O Hamas acusou Israel de não respeitar os termos do acordo de cessar-fogo, tendo adiado a libertação dos reféns por esse motivo.
Primeiro dia de tréguas
No primeiro dia de tréguas na Faixa de Gaza, esta sexta-feira, o Hamas libertou 24 reféns, sendo um deles é uma luso-israelita de 72 anos. Neste grupo estão ainda dez tailandeses e um filipino, os restantes são israelitas.
O acordo entre Israel e o Hamas, obtido na quarta-feira pelo Qatar com o apoio dos Estados Unidos e do Egito, prevê a libertação de um total de 50 reféns e 150 palestinianos durante os quatro dias do cessar-fogo temporário.
Através da fronteira de Rafah, Gaza deveria receber este sábado mais 200 camiões com ajuda humanitária.