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"Agente estrangeiro": Rússia classifica ex-primeiro-ministro que se opôs à guerra na Ucrânia

Primeiro-ministro de Putin entre 2000 e 2004, Mikhail Kasyanov tornou-se então muito crítico em relação ao presidente russo, dizendo que espera que um dia a Rússia regresse a um “caminho democrático”.

Pavel Golovkin / AP

SIC Notícias

A justiça russa classificou esta sexta-feira o ex-primeiro-ministro, Mikhail Kasyanov, que se tornou um opositor ao regime de Vladimir Putin e que deixou o país denunciando a ofensiva na Ucrânia, como um “agente estrangeiro”.

O nome de Kasianov, que foi o primeiro chefe do Governo de Vladimir Putin no início dos anos 2000, agora aparece no registo de “agentes estrangeiros” do ministério da Justiça, um termo infame que lembra o “inimigo do povo” da era soviética.

Kasianov é acusado de ter “se oposto à operação militar especial na Ucrânia” e de ser “membro do Comité Antiguerra Russo, uma associação cujas atividades visam desacreditar a política externa e interna russa”.

Este “comité”, com atividades muito limitadas, foi criado em 2022 no estrangeiro por vários opositores russos, incluindo o ex-oligarca no exílio Mikhail Khodorkovsky.

Primeiro-ministro de Putin durante os seus primeiros anos no poder, entre 2000 e 2004, Mikhail Kasianov tornou-se muito crítico em relação ao presidente russo.

Em junho de 2022, disse à AFP que já não reconhecia Vladimir Putin com quem tinha trabalhado, izendo que espera que um dia a Rússia regresse a um “caminho democrático”.

Antes da ofensiva na Ucrânia, o antigo governante liderava o Partido da Liberdade Popular (PARNAS), um pequeno partido liberal. Em junho de 2022 anunciou que tinha abandonado a Rússia.

Mas afinal, o que significa o termo “agente estrangeiro”?

Este estatuto impõe pesadas restrições administrativas às pessoas ou entidades em causa, incluindo a monitorização regular das suas fontes de financiamento. Exige também que qualquer publicação, inclusive nas redes sociais, seja acompanhada com rótulo “agente estrangeiro”.

O regime russo intensificou a repressão a qualquer voz dissidente desde o início da ofensiva contra a Ucrânia, lançada em fevereiro de 2022. Quase todos os principais opositores estão na prisão ou exilados no estrangeiro.

Com Agências

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