O grupo islamita palestiniano Hamas, que provocou um massacre em solo israelita há um mês, acusou esta quarta-feira a ONU de "clara conivência" com Israel na deslocação forçada de civis na Faixa de Gaza.
"A UNRWA [sigla inglesa da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente] e os seus funcionários são responsáveis por esta catástrofe humana", disse o Hamas em comunicado.
O grupo disse que os elementos da ONU "se curvaram aos ditames" de Israel desde o primeiro momento, "abandonando as suas posições e abdicando da responsabilidade para com centenas de milhares de habitantes" do norte de Gaza.
No comunicado, o chefe de imprensa do Hamas, Salameh Maarouf, denunciou a "clara conivência" da agência da ONU com Israel "e os seus planos de deslocação forçada".
A UNRWA deixou a população palestiniana "sem abrigo, água, alimentos ou tratamento" e fez "orelhas moucas aos gritos de dor e sofrimento", acrescentou, citado pela agência francesa AFP.
O raro ataque do Hamas à agência da ONU surge no momento em que o número de palestinianos que abandonam diariamente o norte da Faixa de Gaza em direção ao sul parece ter aumentado consideravelmente.
Ao longo do dia, de acordo com a AFP, milhares de palestinianos desesperados fugiram a pé do norte da Faixa de Gaza.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários disse que cerca de 15.000 pessoas fugiram na terça-feira, em comparação com 5.000 na segunda-feira e 2.000 no domingo.
De acordo com a ONU, cerca de 1,5 milhões de habitantes de Gaza abandonaram as suas casas desde o início da guerra.
A diretora regional do Fundo das Nações Unidas para a População para os Estados Árabes, Laila Baker, disse estar "sem palavras para descrever a situação catastrófica no terreno e a perda de humanidade total" a que se assiste em Gaza.
"É uma brutalidade sem precedentes e sem paralelo na história da humanidade nos últimos tempos", afirmou, citada pela publicação 'online' Middle East Monitor.