Estados Unidos e China mantiveram esta segunda-feira discussões sobre o controlo de armas nucleares, um novo passo diplomático entre estas duas potências antes de uma reunião entre os seus líderes, prevista para a próxima semana.
Estas trocas de ideias, as primeiras do género desde a presidência de Barack Obama, ocorrem num momento em que Washington se manifestou recentemente preocupado com um fortalecimento acelerado do arsenal nuclear de Pequim.
Não se esperam progressos concretos no final destas discussões, que se seguem à visita a Washington, no final de outubro, do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.
"Sempre apelamos à China para se envolver verdadeiramente na questão da regulação dos arsenais e da redução dos riscos estratégicos", destacou o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, em declarações aos jornalistas.
Trata-se de "continuar os esforços que visam gerir a relação [entre os dois países] de forma responsável e garantir que a concorrência não degenera em conflito", acrescentou.
Encontro entre Biden e Xi Jinping?
O Presidente dos EUA Joe Biden poderá encontrar-se com o seu homólogo chinês Xi Jinping na próxima semana, em São Francisco, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês).
Esta reunião, no entanto, ainda não foi confirmada por Pequim.
Biden e Xi encontraram-se pela última vez em novembro do ano passado, durante a cimeira do G20 em Bali (Indonésia), onde concordaram em manter contactos regulares após anos de deterioração nas relações bilaterais.
Inventário do arsenal nuclear
A China tinha "mais de 500 ogivas nucleares operacionais em maio de 2023" e está a caminho de ter "provavelmente mais de 1.000 até 2030", um ritmo mais rápido do que o estimado anteriormente, de acordo com um relatório do Pentágono divulgado em meados de outubro.
Os Estados Unidos têm cerca de 3.700 ogivas nucleares e a Rússia 4.500, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, segundo o qual Pequim tem 410.
O relatório do Pentágono acrescentou que a China pode estar a explorar o desenvolvimento de sistemas de mísseis de alcance intercontinental armados convencionalmente, que permitiriam ao país ameaçar ataques convencionais contra alvos nos Estados Unidos.
O documento também admitia que se o objetivo do Presidente chinês Xi Jinping, de acelerar o desenvolvimento integrado da mecanização e da inteligência das suas Forças Armadas for alcançado até 2027, isso poderia dar ao Exército a capacidade de ser "uma ferramenta militar mais credível" nos esforços de "unificação de Taiwan".
Os norte-americanos destacam também da estratégia militar do país asiático que a sua associação ilimitada com a Rússia é essencial para avançar no seu desenvolvimento e emergência como grande potência e que, apesar disso, Pequim optou por uma abordagem discreta para fornecer material apoio à Rússia na sua guerra contra a Ucrânia.