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"Vampiros" da Idade Média desenterrados na Polónia

Em noite de Halloween, uma verdadeira história de arrepiar sobre a forma como mulheres e crianças eram tratadas - e enterradas - por suspeitas de se transformarem em vampiros após a morte.

Catarina Solano de Almeida

No verão de 2022, uma equipa de arqueólogos da Universidade Nicolas Copernicus, na Polónia, fez uma descoberta perturbadora na pequena vila de Pien: os restos mortais de uma jovem, enterrada há 400 anos num cemitério não identificado em solo não consagrado, com um cadeado no pé e uma foice de ferro à volta do pescoço.

Este ano, a poucos metros de distância, a mesma equipa descobriu os restos mortais de uma criança, entre os cinco e os sete anos, enterrada de bruços e, novamente, com um cadeado no pé.

Segundo os arqueólogos, os dois foram enterrados como "vampiros".

O professor associado Dariusz Polinski, o arqueólogo-chefe da escavação na pequena vila de Pien, diz que embora o termo "vampiro" seja moderno, os europeus medievais acreditavam que os mortos poderiam regressar como criaturas conhecidas como "upior", fantasma em português, ou "striga", estriga ou feiticeira.

As vítimas de doenças, as crianças não batizadas e as que morreram em circunstâncias trágicas eram especialmente temidas, diz Polinski.

O arqueólogo explica que a mulher provavelmente estava doente e poderia ter sintomas que fizeram com que a sua comunidade temesse que ela pudesse voltar dos mortos. Quanto à criança, a equipa de Polinski pensa que deve ter sido uma fonte de maior medo, pois os arqueólogos descobriram que o corpo tinha sido exumado após o enterro e o torso e a cabeça removidos.

Os corpos são apenas dois das dezenas de sepulturas que a equipa de Polinski encontrou no local, a maioria com sinais de práticas fora do comum, como pessoas enterrados com objetos de ferro – pela crença de que mantêm os mortos mesmo mortos – e pedras, que eram frequentemente colocadas nos braços ou pescoço.

Apesar de ter sido usado durante centenas de anos, o cemitério foi votado ao esquecimento no século XVII, sem marcas de localização em mapas, sem lápides ou qualquer marco.

O tamanho do cemitério permanece desconhecido. A equipa planeia mais investigações no local, sobretudo usando métodos não invasivos, como o radar.

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