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Sociedade civil preenche o vazio deixado pelo Governo de Israel

Nos últimos 10 meses, centenas de milhares de cidadãos de Israel invadiram as ruas todas as semanas para protestar contra o Governo de Benjamin Netanyahu. Agora, estas são as mesmas pessoas que auxiliam os cidadãos que mais necessitam.

Henrique Cymerman

SIC Notícias

O Governo israelita ficou paralisado depois do maior massacre terrorista da história de Israel no passado dia 7. O Executivo concentrou-se em dirigir a luta contra o Hamas, em Gaza, e contra o Hezbollah, no Líbano. Foi a sociedade civil que preencheu o vazio, justamente aqueles que se manifestavam todas as semanas contra o Governo de Netanyahu. Henrique Cymerman, correspondente da SIC em Israel, foi conhecer alguns dos envolvidos.

Nos últimos 10 meses, centenas de milhares de cidadãos de Israel invadiram as ruas todas as semanas para protestar contra o Governo de Benjamin Netanyahu e contra a sua decisão de levar a cabo uma ampla reforma judicial no Tribunal Supremo.

Organizaram-se em todo o país e especialmente na rua Kaplan, de Telavive, desafiando o Governo da direita de Israel. Muitos asseguram que no meio desta revolução judicial que consideram antidemocrática não se apresentariam a suas unidades de reserva do exército.

Mas no dia 7 de outubro tudo mudou. O maior ataque terrorista da história de Israel transformou todas as prioridades.

Centro improvisado auxilia centenas de milhares de pessoas

Gili Brenner trabalha numa companhia de alta tecnologia em Telavive, mas nas últimas semanas dedica-se a receber num centro improvisado na Expo jornalistas de todo o mundo. Daqui parte em camiões e em carros privados todo tipo de ajuda para 200 mil cidadãos da fronteira do sul e da fronteira do norte de Israel que se transformaram em refugiados dentro do seu próprio país.

“Há dez meses que lutamos pela democracia, para ter um país melhor e mais justo. Percebemos que o país não só abandonou a segurança, mas também o bem-estar dos cidadãos deslocados. Encontramo-nos fazendo muitas coisas que o governo deveria fazer. Fornecemos alimentos, equipamentos, o que cada pessoa precisa. Também ajudamos o exército e também dezenas de milhares de evacuados do sul e do norte que estão em hotéis”, diz Ben, um dos muitos voluntários envolvidos na operação.

Aqui enviam até caixas com tudo o que é necessário para organizar a Shiva, o luto de 7 dias pelas vítimas dos atentados.
Deste centro em Telavive partem também para todo o país professores e programas escolares para as crianças das famílias deslocadas e, sobretudo, psicólogos que tentam ajudar todos aqueles que estão traumatizados pelas atrocidades que viveram ou viram com os seus próprios olhos.

Organização trabalha na identificação de vítimas

Uma organização criou, nos últimos dias, um departamento secreto para identificar as vítimas do massacre e negociar a libertação dos reféns que estão nas mãos do Hamas. O Governo não se sentia no país nos primeiros dias da guerra, a não ser no campo militar. Isso deu grande protagonismo a iniciativas privadas como esta.

Os melhores cérebros da ciência e da tecnologia de Israel estão concentrados nesta organização, e segundo dizem, quando acabar a guerra voltarão às ruas de Israel para continuar a batalha política.

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