Henrique Burnay, especialista em assuntos europeus, alerta para as "consequências gravíssimas", caso a União Europeia (UE) se esquecesse da guerra na Ucrânia. No entanto, considera que os 27 Estados-membros estão "suficientemente unidos" em relação ao conflito. Sobre a guerra Israel-Hamas, explica que a UE vai continuar sem uma posição muito forte enquanto houver divergências históricas.
O especialista em assuntos europeus destaca dois aspetos em relação à guerra Israel-Palestina. Por um lado, realça que vários países apoiam a defesa de Israel e pedem que os países à volta não intervenham. Por outro, aponta para a possível "conversa sobre a existência do Estado palestiniano", após o "problema com o Hamas estar resolvido".
No entanto, afirma:
"É impossível Israel derrotar o Hamas sem bombardeamentos que apanhem zonas civis. Por mais que haja civis que se desloquem, vai haver vítimas civis e reações. É uma quadratura do círculo bastante difícil".
Sobre um possível esquecimento da guerra na Ucrânia, lembra que a invasão russa não acabou e que, por isso, a preocupação dos dirigentes europeus "não pode desaparecer".
"As consequências seriam gravíssimas", sublinha.
Mas Henrique Burnay considera que a União Europeia está "suficientemente unida" em relação à guerra na Ucrânia para haver "risco de desinteresse".
"Pode é haver risco nas populações. Pode haver fadiga das guerras que possa reduzir o apoio popular à posição europeia", diz.
Em relação à falta de uma posição comum da União Europeia no conflito Israel-Hamas, explica que acontece porque há "divergências históricas". Por exemplo, a Alemanha tem uma "posição próxima de Israel, enquanto a Irlanda tem mais distante".