Mundo

Famílias dos reféns do Hamas consideram as declarações de Guterres "escandalosas"

O secretário-geral das Nações Unidas afirmou esta terça-feira perante o Conselho de Segurança que os ataques do Hamas “não vêm do nada” e lembrou que os palestinianos foram “sujeitos a 56 anos de ocupação sufocante”.

BRENDAN MCDERMID/REUTERS

SIC Notícias

Lusa

As famílias dos reféns do grupo islamita Hamas classificaram esta terça-feira como "escandalosas" as palavras do secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a respeito dos ataques de 7 de outubro em Israel que deram origem ao atual conflito.

"Que vergonha dar legitimidade a crimes contra a humanidade quando se trata de judeus! As declarações do secretário-geral da ONU são escandalosas!", afirmou o grupo de famílias dos cerca de 220 sequestrados num comunicado.

Guterres afirmou esta terça-feira perante o Conselho de Segurança da ONU que os ataques do Hamas “não vêm do nada” e lembrou que os palestinianos foram “sujeitos a 56 anos de ocupação sufocante”.

“Crianças foram queimadas vivas, mulheres foram violadas e civis foram torturados e assassinados a sangue frio. Tudo com o objetivo de aniquilar todos os israelitas e judeus na área capturada pelo Hamas”, observaram as famílias.

Consideraram ainda que o secretário-geral da ONU “ignora vergonhosamente o facto de que a 7 de outubro foi perpetrado um genocídio contra o povo judeu e até encontrou uma forma indireta de justificar os horrores que os judeus sofreram”.

As famílias argumentam que os especialistas jurídicos declararam que os “atos horríveis” do Hamas, que incluíram massacres, tortura e a tomada de reféns civis, incluindo idosos, mulheres, crianças e bebés – “constituem não apenas crimes de guerra, mas também crimes contra a humanidade”.

O líder da ONU sublinhou, porém, que “as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas”, frisando ainda que “esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".

Na sequência dessas palavras, o Governo israelita pediu a demissão do líder da ONU e cancelou uma reunião que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, esta terça-feira teria com Guterres.

Face ao cancelamento dessa reunião, o gabinete de Guterres informou que o secretário-geral se reunirá com representantes das famílias dos reféns detidos em Gaza na tarde de esta terça-feira.

"Eles serão acompanhados por um representante da Missão Permanente de Israel nas Nações Unidas", diz um comunicado do porta-voz de Guterres.

Últimas