O atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, venceu com surpresa a primeira volta das eleições presidenciais de domingo e irá disputar a segunda volta com o economista ultraliberal Javier Milei.
Massa obteve 36,7%, seguido por Milei, com 30%, e pela candidata da coligação de centro-direita Juntos pela Mudança, Patricia Bullrich, a maior derrotada do dia, que somou 23,8%.
Os resultados foram celebrados em clima de festa, com a presença massiva de militantes, sindicalistas e membros de organizações sociais, na sede do movimento União pela Pátria, que apoia Sergio Massa, de 51 anos.
Isto porque as sondagens tinham previsto que o candidato "antissistema" Javier Milei iria voltar a ser o mais votado na primeira volta das presidenciais, repetindo a vitória conquistada nas primárias de 13 de agosto.
No discurso de vitória, Sergio Massa afirmou que, se for Presidente, vai constituir um governo com os melhores, independentemente da filiação partidária. Já Javier Milei diz que os argentinos têm de escolher um novo rumo para o país.
Apesar de Sergio Massa ser o ministro da Economia num país que sofre de níveis de inflação recorde - 138,3% nos últimos 12 meses - o candidato de centro-esquerda garantiu a presença do bloco governamental na segunda ronda.
Cerca de 77,7% dos eleitores argentinos votaram no domingo nas eleições gerais, o que representa um aumento de quase nove pontos percentuais em relação às primárias, mas o segundo valor mais baixo em votações gerais, anunciaram fontes oficiais.
O secretário-geral da Presidência, Julio Vitobello, fez o balanço após o encerramento das assembleias de voto na Argentina, às 18:00 de domingo (22:00 em Lisboa).
As eleições PASO (eleições primárias simultâneas e obrigatórias), realizadas a 13 de agosto, encerraram com uma taxa de participação de 69%.
A taxa de participação de domingo foi a segunda mais baixa numa eleição geral - tanto na primeira como na segunda volta - desde o regresso do país à democracia.
O valor mais baixo foi registado em 2007, quando 76,2% dos eleitores foram às urnas na primeira volta, a única necessária nessa ocasião para confirmar a vitória da peronista Cristina Fernández, que substituiu o seu marido, Néstor Kirchner (2003-2007).
A taxa de participação mais alta foi registada em 1983, nas primeiras eleições democráticas após a ditadura (1976-1983), quando 85,61% foram às urnas para dar a vitória a Raúl Alfonsín.
Cerca de 35,4 milhões de argentinos foram chamados no domingo a eleger o Presidente e o vice-presidente, bem como a renovar 130 dos 257 lugares na Câmara dos Deputados e 24 dos 72 no Senado, e a nomear 43 representantes argentinos no Parlamento do Mercosul (Parlasul, o órgão legislativo do bloco constituído pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
E também para escolher dirigentes nas províncias de Buenos Aires, Catamarca, Entre Ríos e a Cidade Autónoma de Buenos Aires.
Com LUSA