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Hospital bombardeado: "Estamos a falar do mais mortífero ataque em Gaza em 15 anos"

O comentador da SIC Germano Almeida analisa as declarações do responsável da ONU sobre o ataque ao hospital em Gaza e sublinha que “as consequências deste ataque são terríveis"

Germano Almeida

SIC Notícias

O ataque ao hospital de Gaza terá feito mais de 500 mortos. Israel nega qualquer envolvimento e aponta culpas à Jihad Islâmica da Palestina. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o ataque e apelou a um cessar-fogo humanitário imediato para aliviar o sofrimento humano. Germano Almeida analisa as declarações do responsável da ONU e sublinha que “as consequências deste ataque são terríveis porque estamos a falar do mais mortífero ataque em Gaza em 15 anos, o mais grave desde 2008”.

O comentador da SIC destaca o impacto negativo do bombardeamento ao Hospital Al-Ahli Arabi, com consequências a vários níveis, incluindo na agenda da visita do Presidente dos Estados Unidos ao Médio Oriente, com Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Palestiniana, a cancelar o encontro que estava previsto com Joe Biden.

"Não sabemos quem fez, sabemos que as consequências são terríveis, são terríveis porque estamos a falar do mais mortífero ataque em Gaza em 15 anos, o mais grave desde 2008, mesmo que o número de 500 mortos não se confirme e há indicadores que será à volta de 500 mortos, mesmo que sejam números mais prudentes, que outros apontam na ordem dos 200 e 300, já estamos a falar disso.

Se tiver sido Israel, a questão é que é mais um exemplo de como a tal tática dos escudos humanos tem consequências terríveis. Acho que não há um racional para ter sido Israel até por ser na véspera da visita de Biden, mas também mesmo que pudesse não ter sido Israel, a verdade é que estamos a falar de Israel que em seis dias mandou 6.000 bombas para Gaza. Portanto, nesta história não há mesmo inocentes", refere Germano Almeida.

Para o comentador da SIC é preciso “ter muitas cautelas porque neste momento há de parte a parte uma radicalização a acusar completamente o outro lado de estar a mentir”.

Germano Almeida explica que “os Estados Unidos são até agora o mediador com mais resultados porque é graças à mediação e à dissuasão americana que Israel tem adiado a operação terrestre mais mortífera. O objetivo de Biden é fazer uma separação clara entre a legitimidade de Israel de lutar contra o terrorismo do Hamas, mas manter uma via supostamente moderada ou pelo menos mais legítima da Autoridade Palestiniana”.

O que é que a ONU pode fazer neste momento?

António Guterres tem sido uma das vozes mais proeminentes a pedir a Israel que abra a Faixa de Gaza para permitir a passagem de ajuda humanitária.

"Fiz dois apelos, e cada um deles é válido por si só. Não devem tornar-se moeda de troca e devem ser implementados por si só, porque é a coisa certa a fazer. A minha mensagem é dirigida tanto ao Hamas como a Israel, para que o primeiro liberte os reféns que mantém em cativeiro e para que o segundo permita a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza", afirmou o secretário geral da ONU.

O enclave, que albergava mais de dois milhões de pessoas, está sob um bloqueio total desde 7 de outubro, sob bombardeamento constante das forças israelitas e no limite da possibilidade de uma invasão terrestre por parte de Israel, que se recusou a permitir a entrada de ajuda humanitária até que os reféns do Hamas sejam libertados

“A ONU ontem considerou que Israel possa estar a cometer um crime ao fazer uma deslocação interna forçada de Norte para Sul de Gaza. Israel diz que não, que o objetivo é reduzir o risco desses civis de estarem na zona onde vão estar os bombardeamentos", refere Germano Almeida, que deposita esperança na ação do secretário-general das Nações Unidas.

"A questão aqui é que, pelo menos Guterres, vai incidir na questão das responsabilidades de Israel em encontrar uma solução humanitária para isto", destaca.

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