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Ofensiva israelita na Faixa de Gaza: "Probabilidade de um elevado número de baixas civis é muito grande"

Ricardo Alexandre analisa o que se pode esperar nas próximas horas do conflito Israel-Palestina, que ameaça estender-se à Cisjordânia, ao Líbano ou à Síria, defende o comentador da SIC.

SIC Notícias


Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia reúnem-se de emergência para debater a situação em Israel. Ricardo Alexandre analisa o que se pode esperar do conflito Israel-Palestina nas próximas horas, tanto no terreno, como no que diz respeito à posição da comunidade internacional. O comentador da SIC considera que "só podemos esperar uma intensificação dos combates e dos bombardeamentos Faixa de Gaza, até à eliminação de tudo quanto é estrutura do Hamas".

"Estamos a falar de um território tão densamente povoado como é a Faixa de Gaza, território com maior densidade populacional do mundo, tudo o que é estrutura política, militar ou paramilitar do Hamas estará envolvida com a população civil e, portanto, a probabilidade de um elevado número de baixas civis é muito grande", explica Ricardo Alexandre.

O comentador da SIC e o editor de Internacional da TSF diz que mais de 100 mil pessoas já terão deixado a Faixa de Gaza, ainda assim "há muita gente que vai morrer certamente, se se concretizar essa operação, essa ofensiva das forças israelitas para tentar erradicar o Hamas".

"Governo de unidade nacional de emergência"

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu esta segunda-feira formação de um "governo de unidade nacional de emergência", após a ofensiva desencadeada pelo Hamas.

Ricardo Alexandre explica que Netanyahu precisa deste apoio político mais abrangente para tomar decisões que certamente não são fáceis e que podem colocar Israel de novo numa situação difícil na região.

"Nathaniel está como que a tentar ter um almofada política, ainda que eu pense que nesta altura, dada a comoção, dado o ambiente emocional que se instalou no país depois dos ataques terroristas do Hamas no sábado, nem precisaria disso", sublinha.

Revisão do apoio da UE à Palestina

A Comissão Europeia esclareceu que vai haver uma revisão profunda da assistência financeira prestada à Palestina, sem incluir a suspensão da ajuda humanitária à população, mas os pagamentos podem ser alterados em função da avaliação feita.

“A ajuda europeia é fundamental para a sobrevivência dos palestinianos. A União Europeia é o maior contribuinte económico humanitário de um povo que está numa situação de quase de asfixia económica e se cortasse esse apoio, ia ser muito grave”, diz Ricardo Alexandre.

O comentador da SIC salienta, contudo, que há pressões para que o fim do apoio da UE à Palestina seja uma realidade:

"Temos hoje nesta reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, três países e três grandes países europeus, a França, a Alemanha, a Itália, que fazem parte do Grupo de Cinco, mais o Reino Unido e os Estados Unidos que fizeram um tal documento comum em que manifestam total e inequívoco apoio ao Estado de Israel na luta contra o Hamas".

Riscos de alastramento do conflito

Sobre eventuais riscos do conflito se poder alastrar à Cisjordânia, ao Líbano ou à Síria, Ricardo Alexandre considera que são uma realidade.

“Todos os analistas, ao longo dos anos, foram entendendo que muito frequentemente as respostas que Israel dava aos lançamentos de rockets a partir da Faixa de Gaza ou aos atentados na Cisjordânia eram manifestamente desproporcionadas”.

"Nesta altura, depois de um ataque desta dimensão e desta envergadura, como o que o Hamas fez no sábado, com mais de 1.000 mortos do lado Israelita, com mais de uma centena de reféns, pareceu-me desde logo óbvio, que a resposta israelita seria brutal, mas a brutalidade dessa resposta vai também ter impacto em toda a região e na forma como as opiniões públicas dos países árabes e os governos dos países árabes vão reagir".

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