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Papa Francisco admite possibilidade de abençoar casais LGBT

Numa carta datada de julho mas só agora divulgada pelo Vaticano, o Papa Francisco levanta a possibilidade de abençoar as uniões entre pessoas do mesmo sexo, depois de ter sido questionado por cinco cardeais.

REMO CASILLI

SIC Notícias

O Papa Francisco admite a possibilidade de abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo, com algumas condições. A possibilidade foi levantada numa carta em resposta a perguntas de cinco cardeais.

Escrita em julho e agora publicada pelo Vaticano, a carta de Francisco revela que as bênçãos poderiam ser estudadas se não confundissem a bênção com o casamento sacramental.

Francisco rompe com a posição do Vaticano

A resposta de Francisco aos cardeais marca uma inversão da atual posição oficial do Vaticano. Numa nota explicativa de 2021, a Congregação para a Doutrina da Fé afirmou categoricamente que a Igreja não podia abençoar as uniões homossexuais porque "Deus não pode abençoar o pecado".

Na sua nova carta, Francisco reiterou que o matrimónio é uma união entre um homem e uma mulher. Mas respondendo à pergunta dos cardeais sobre uniões homossexuais e bênçãos, ele disse que a "caridade pastoral" requer paciência e compreensão e que, independentemente disso, os padres não se podem tornar juízes "que apenas negam, rejeitam e excluem".

"Por esta razão, a prudência pastoral deve discernir adequadamente se existem formas de bênção, pedidas por uma ou mais pessoas, que não transmitam uma conceção errada do casamento", escreveu.

"Porque quando se pede uma bênção, está-se a exprimir um pedido de ajuda a Deus, uma súplica para poder viver melhor, uma confiança num pai que nos pode ajudar a viver melhor", frisou.

Fazendo notar que há situações que apesar de "moralmente inaceitáveis", o Papa considera que a mesma "caridade pastoral" exige que as pessoas não sejam tratadas apenas como pecadoras, dado que "podem não ser totalmente responsáveis ou culpadas pela sua situação".

Francisco acrescentou que não é necessário que as dioceses ou as conferências episcopais transformem essa caridade pastoral em normas ou protocolos fixos, dizendo que a questão pode ser tratada caso a caso "porque a vida da Igreja funciona em canais para além das normas".

Com Lusa

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