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Tempestade Daniel: Líbia pede ajuda humanitária "o mais rapidamente possível"

Foi aberta uma ponte aérea entre Trípoli e a região oriental para transportar pessoas gravemente feridas, no meio do caos que se vive nalgumas cidades do leste da Líbia, devido às graves inundações.

LIBYA AL-HADATH

SIC Notícias

Lusa

As autoridades líbias apelaram esta terça-feira à entrega de ajuda humanitária "o mais rapidamente possível" pela comunidade internacional face às inundações no leste do país provocadas pela tempestade ‘Daniel’. O número de desaparecidos ronda os 10 mil e já há mais de 2 mil mortos confirmados.

Musa al Koni, um dos vice-presidentes do Conselho Presidencial Líbio, com sede na capital, Trípoli, sublinhou que as autoridades "querem que a ajuda chegue ao máximo de pessoas e o mais rapidamente possível", segundo a agência de notícias estatal LANA.

"Pedimos ajuda a todos os países que sabemos que têm experiência em trabalhos de resgate", disse, antes de revelar que Espanha, Itália e Canadá "manifestaram a sua disponibilidade para apoiar as operações de resgate" no leste do país.

De acordo com o Governo, ainda não é possível saber ao certo o número de vítimas e de estragos. As previsões apontam para, pelo menos, 25% da cidade de Derna destruída.

"Não temos um balanço definitivo" sobre o número de mortos, mas "o número de desaparecidos ronda os 10 mil", afirmou o responsável da FICV Tamer Ramadan, em conferência de imprensa realizada em Genebra, na Suíça.

Tempestade Daniel

A tempestade Daniel atingiu o leste da Líbia na tarde de domingo, nomeadamente as cidades costeiras de Jabal al-Akhdar (nordeste) e Benghazi, onde foi declarado recolher obrigatório e as escolas foram fechadas.

Descrita pelos especialistas como um "fenómeno extremo em termos da quantidade de água que choveu", a tempestade Daniel já provocou também pelo menos 27 mortes na Grécia, Turquia e Bulgária.

O leste da Líbia abriga os principais campos e terminais de petróleo. A Companhia Nacional de Petróleo (NOC) declarou "estado de alerta máximo" e "voos suspensos" entre locais de produção onde a atividade foi drasticamente reduzida.

Em Benghazi, a quarta maior cidade do país, com quase 120 mil habitantes, está atualmente isolada por terra após a destruição das suas estradas e pontes devido às chuvas torrenciais, estando também sem eletricidade e sem comunicações.

Duas das suas barragens ruíram na segunda-feira, libertando um total de 33 milhões de metros cúbicos de água e deixando atrás de si áreas residenciais inteiras, pelo que as autoridades locais criaram um hospital de campanha.

Segundo o Centro Nacional de Meteorologia líbio, a precipitação ultrapassou os 400 mililitros por hora, um valor que não se registava há quatro décadas.

UE está “pronta para ajudar”

O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, lamentou os danos causados pelo ciclone Daniel e pelas chuvas torrenciais na Líbia e disse que a UE está pronta para ajudar o país.

"Estou entristecido com as imagens de devastação na Líbia, devastada por condições climáticas extremas que causaram a trágica perda de muitas vidas. A UE está a acompanhar de perto a situação e está pronta para ajudar ", disse Borrell numa publicação na sua conta na rede social X, anteriormente chamada de Twitter.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, numa publicação na mesma rede social enviou as "sinceras condolências, em nome da UE, ao povo líbio e às famílias das vítimas".

Aberta ponte aérea para transporte de feridos graves

O serviço de evacuação médica de ambulância aérea da Líbia anunciou a abertura de uma ponte aérea entre Trípoli e a região oriental para transportar pessoas gravemente feridas, no meio do caos que se vive nalgumas cidades do leste do país devido às graves inundações, que no caso de Derna destruíram de duas barragens.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) especifico, em comunicado, que mais de 2.000 pessoas residentes em Benghazi foram afetadas pelas chuvas e estão agora nas escolas da cidade, tendo as inundações obrígado à retirada de pacientes do Centro Médico Al Baida.

"A tempestade causou danos significativos em infraestruturas, incluindo a rede rodoviária, afetou a rede de telecomunicações e provocou a deslocação de pelo menos 410 famílias, cerca de 2.050 pessoas, e 35 migrantes", detalhou a organização, antes de sublinhar que há relatos de mortos e feridos, mas não há dados oficiais confirmados.

Horas antes, os governos paralelos da Líbia agradeceram à comunidade internacional o apoio expresso após a passagem da tempestade Daniel, que também deixou cerca de 9.000 desaparecidos depois de atingir a Grécia, Bulgária e Turquia, na semana passada, onde foram confirmadas cerca de 30 mortes.

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