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Japão admite que oceanos possam continuar a aquecer durante o inverno

O fenómeno já é comum e tem assolado o Oceano Pacífico, tendo em conta que em 2023 já é o segundo ano mais quente de sempre. O inverno poderá não interromper esta tendência.

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SIC Notícias

A agência meteorológica do Japão disse esta segunda-feira que havia 90% de probabilidade que o padrão climático El Niño continue durante o inverno no hemisfério norte.

El Nino é o aquecimento das temperaturas da superfície dos oceanos Pacífico oriental e central e, esta segunda-feira, a agência meteorológica do Japão admitiu que as probabilidade do El Niño não impactar o inverno no hemisfério norte são ínfimas.

2023 já é o segundo ano mais quente de sempre

Até ao momento, 2023 é o segundo ano mais quente de que há registo - atrás de 2016, ano em que ocorreu o fenómeno El Niño. Nos primeiros oito meses do ano, a temperatura média global está "apenas 0,01 °C atrás de 2016, o ano mais quente alguma vez medido".

"É provável que 2023 seja o ano mais quente (...) que a humanidade alguma vez conheceu", afirma Samantha Burgess, chefe-adjunta do Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus, à AFP .

Apesar de três anos sucessivos de La Niña - o fenómeno oposto ao El Niño, que mascarou parcialmente o aquecimento - os anos 2015-2022 já foram os mais quentes alguma vez medidos, segundo a base de dados do Copernicus - que remonta a 1940, mas que pode ser comparada com milénios passados, com base em anéis de árvores ou núcleos de gelo.

O sobreaquecimento dos mares, que continuam a absorver 90% do excesso de calor causado pela atividade humana desde a era industrial, desempenha um papel importante neste fenómeno. Desde abril, a temperatura média dos mares à superfície tem vindo a aumentar para níveis sem precedentes.

De 31 de julho a 31 de agosto, "ultrapassou mesmo todos os dias o recorde anterior, estabelecido em março de 2016", segundo o Copernicus, atingindo a marca simbólica sem precedentes de 21°C, muito acima de todos os registos.

"O aquecimento dos oceanos leva a um aquecimento da atmosfera e a um aumento da humidade, o que resulta em chuvas mais intensas e mais energia disponível para os ciclones tropicais", explicou Burgess.

O sobreaquecimento também afeta a biodiversidade por haver "menos nutrientes no oceano e menos oxigénio", o que ameaça a sobrevivência da flora e da fauna, referiu. A cientista citou ainda o branqueamento dos corais, a proliferação de algas nocivas e "o potencial colapso dos ciclos reprodutivos".

"As temperaturas continuarão a subir enquanto não fecharmos a torneira das emissões", principalmente as provenientes da queima de carvão, petróleo e gás, alertou, a três meses da COP28 no Dubai.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em que se espera uma batalha sobre o fim dos combustíveis fósseis, deverá colocar a humanidade de novo no caminho do Acordo de Paris.

O acordo previa limitar o aquecimento global a muito menos de 2ºC e, se possível, a 1,5°C, em comparação com a era pré-industrial.

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