Terminar a licenciatura pode ser motivo de orgulho e um momento de pura felicidade. Mas as fotos publicadas nas redes sociais por recém-licenciados na China provam o contrário. Estendidos no chão com a capa da universidade, os jovens chineses demonstram-se “derrotados”, ilustrando assim as dificuldades de entrar no mercado de trabalho no país que tem uma das economias de crescimento mais rápido do mundo.
O verão dita geralmente uma subida da taxa de desemprego jovem, à medida que dezenas de milhões de licenciados inundam o mercado de trabalho na China, de acordo com a revista Time. No entanto, os dados mais recentes mostram que os académicos vão enfrentar o “pior mercado de trabalho” desde que há registo na China, segundo o Financial Times.
Posto isto, nas redes sociais, os finalistas publicam fotografias, que se tornaram virais, deitados no chão com a capa académica vestida e a deitarem o diploma no lixo.
A taxa de desemprego entre jovens entre os 16 e os 24 anos atingiu 20,8% em maio, claramente acima dos 20,4% registados em abril, de acordo com os dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas. Isto é quatro vezes a taxa geral de desemprego pesquisada, que permaneceu inalterada em 5,2%, segundo a revista Time.
Conjuntura económico-social
O desemprego jovem permaneceu elevado desde o início de 2022, decorrente das interrupções provocadas pela covid-19 e a queda no mercado imobiliário, aos quais se somaram os problemas estruturais já existentes no mercado de trabalho.
Os economistas chineses preveem que os jovens serão penalizados nos próximos anos, visto que o excesso de licenciados e a escassez de mão de obra fabril - devido ao envelhecimento da população ativa - agravam os desequilíbrios no mercado de trabalho chinês.
"A educação acelerou mais rápido do que a economia, o que significa que foram entregues mais diplomas do que os necessários para uma economia baseada na indústria transformadora", disse o economista Keyu Jin à Reuters.
Os jovens com diplomas estão a competir por empregos naquela que continua a ser uma das economias de crescimento mais rápido do mundo, mas cuja estrutura, assente na indústria transformadora, está cada vez mais desfasada das aspirações das suas gerações mais jovens.
O relatório do Goldman Sachs, citado pelo Financial Times, enfatiza que o desemprego entre os jovens na China não está totalmente fora da linha daquilo que se constata em países europeus como Itália e Espanha.