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A guerra civil que mergulhou o Sudão numa nova tragédia humanitária

Nove dias de guerra civil já provocaram mais de 400 mortos, 3.500 feridos e mergulharam um dos maiores e mais pobres países de África numa nova tragédia humanitária.

SIC Notícias

Ao nono dia de guerra civil no Sudão, agravou-se o conflito entre os generais mais poderosos do país. Já morreram mais de 400 pessoas e cerca de 3.500 ficaram feridas.

Na batalha urbana pelo controlo da capital Cartum, o líder dos rebeldes foi visto dentro de uma carrinha-pickup com combatentes, junto ao palácio presidencial. Horas antes, em declarações ao canal Al-Arabyia, o general Dagolo pediu desculpas ao povo sudanês pelo conflito e exigiu a rendição do homem-forte da Junta Militar.

O general Al-Burhan, líder da Junta Militar que exige a integração no exército dos 100 mil homens das Forças de Apoio Rápido, não respondeu. Deu antes ordem aos adjuntos e comandantes fiéis para inspecionar os quartéis de Cartum.

No fogo cruzado entre os dois generais mais poderosos estão agora mais de cinco milhões de habitantes da capital sudanesa. Falta comida, água potável e eletricidade. Os habitantes de Cartum lutam já pela sobrevivência sob temperaturas próximas dos 40 graus e começaram a matar a sede com água retirada do rio Nilo.

O fim de semana está ainda a ser marcado pelas ativação de operações militares de repatriamento de milhares de estrangeiros, incluindo Portugal, que planeia retirar 16 cidadãos em articulação com outros países da União Europeia.

Governo trabalha para retirar portugueses do Sudão

O Ministério da Defesa juntou-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros nos esforços para a retirada dos portugueses retidos no Sudão, tendo a diplomacia portuguesa contactado “todos os cidadãos nacionais conhecidos”, anunciou este domingo o Governo em comunicado.

O que se está a passar no Sudão?

Na origem do conflito que já fez centenas de vítimas está a rivalidade entre os dois generais mais poderosos do país.

Há semanas que o conflito estava a ser preparado entre o chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhane, líder de facto do país, e o seu número dois, o general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti", chefe das Forças de Apoio Rápido (RSF), que juntos expulsaram os civis do poder no golpe de outubro de 2021.

Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como Hemedit, é o general beduíno que controla os 100 mil homens das Forças de Apoio Rápido, na origem do atual conflito. A unidade, acusada internacionalmente de genocídio e de de outros crimes de guerra na revolta do Darfur, recusa a integração nas Forças Armadas nos moldes propostos pelo general Abdel Fattah al-Burhan.

Apoiado pelo vizinho Egito, o homem-forte da Junta Militar que governa o país desde a queda do ditador Omar al-Bashir, não fez ainda a transição civil e a democratização prometidas depois de 20 anos de ditadura.

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