Um supremacista branco que matou 10 pessoas negras num supermercado de Buffalo, no estado norte-americano de Nova Iorque, foi esta quarta-feira condenado a prisão perpétua sem liberdade condicional, após ser confrontado pelos familiares das vítimas do ataque racista.
Numa sentença marcada por manifestações emocionais de pessoas cujos familiares foram mortos ou feridos no ataque, Payton Gendron, cujo ódio foi alimentado por teorias de conspiração racistas que encontrou 'online', chorou durante alguns dos depoimentos e pediu desculpa às vítimas e suas famílias, numa breve declaração.
Alguns dos familiares das vítimas condenaram furiosamente o ataque, enquanto outros citaram a Bíblia ou disseram que estavam a rezar por ele.
Vários sublinharam que Gendron atacou deliberadamente uma comunidade negra longe da sua cidade natal, maioritariamente branca.
"Você sofreu uma lavagem cerebral", disse Wayne Jones, filho único da vítima Celestine Chaney, entre perante uma audiência comovida, em muitos casos em lágrimas.
"Você nem conhece os negros o suficiente para odiá-los. Você aprendeu isso na internet e foi um grande erro", acrescentou.
Gendron declarou-se culpado, em novembro, de crimes como homicídio e terrorismo doméstico motivados pelo ódio, uma acusação que resultou em prisão perpétua automática.
"Não pode haver misericórdia, nem compreensão, nem segundas oportunidades", disse a juíza Susan Eagan ao sentenciá-lo.
Gendron, de 19 anos, também enfrenta acusações federais separadas que podem levar a uma sentença de morte, se o Departamento de Justiça norte-americano optar por essa via.
O advogado de defesa disse em dezembro que Gendron está preparado para se declarar culpado no tribunal federal, também para evitar a execução.
Em documentos publicados 'online' antes do ataque com uma arma semiautomática, Gendron disse esperar que a sua ação ajudasse a preservar o poder branco nos Estados Unidos.
O jovem escreveu ainda que escolheu o supermercado Tops, a cerca de três horas de carro da sua casa em Conklin, Nova Iorque, porque ficava num bairro negro.
Em 2022, os Estados Unidos da América tiveram 647 tiroteios e em apenas um mês e meio, em 2023, já contabilizam mais de 6.