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Bruxelas condena atribuição de "medalha de honra" a Putin

Comissão Europeia alerta entidade sérvia da Bósnia-Herzegovina para consequências de ligações ao Kremlin.

Mikhail Klimentyev

SIC Notícias

Lusa

Bruxelas reprovou, esta segunda-feira, a atribuição de uma medalha ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, por parte do presidente da República Srpska, Milorad Dodik, e alertou para o impacto de associações ao Kremlin.

O porta-voz da Comissão para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Peter Stano, assegurou, em Bruxelas, que “a União Europeia (UE) e os seus Estados-membros estão atentos a isto e tomarão decisões apropriadas” e que “condenam decisão da República Srpska”.

O Presidente russo foi distinguido no domingo com esta medalha pela "preocupação patriótica particular e pelo amor em relação à República Srpska", segundo Dodik, assim como pelo mérito no fomento e fortalecimento das relações políticas entre a república separatista e a Federação Russa.

A medalha foi atribuída durante uma cerimónia no reduto sérvio-bósnio de Banja Luka, realizada para celebrar o principal feriado daquela região, mas Putin não esteve presente. No entanto, a medalha será entregue a Putin no próximo encontro entre os dois, disse o embaixador russo na região, Igor Kalbukhov, sem adiantar uma possível data.

Ainda em Bruxelas, Peter Stano frisou que Vladimir Putin “é o responsável pela agressão ilegal à Ucrânia” e que a República Srpska, “ao associar-se a Putin nestas circunstâncias” fica “isolada” internacionalmente.

Da mesma forma, o porta-voz do executivo comunitário advertiu que “não há lugar na UE para condecorar políticos que estão a ordenar a morte de civis. Isto tem de ficar claro para todos” e acrescentou que "esta decisão é deplorável e mal-orientada.".

As relações entre Srpska e Putin

O líder separatista sérvio-bósnio tem elogiado Putin em várias ocasiões pelo apoio à República Srpska e, em setembro de 2022, visitou Putin em Moscovo, mantendo relações próximas com o Presidente russo.

Segundo Stano, Dodik “sabe quais são as expectativas da UE e dos seus Estados-membros, e o que ele, as suas autoridades e a Bósnia-Herzegovina têm de fazer para progredirem na ambição europeia”. Decisões como a de atribuir uma medalha a Putin "estão a debilitar a unidade" sérvia, reforçou ainda o porta-voz comunitário.

Porém, o líder separatista acredita, e frisa, que é “graças à posição de Vladimir Putin e à força da Federação Russa” que “a voz e a posição da República Srpska foi ouvida e respeitada”.

Bósnia-Herzegovina dividida em dois e com “sonho” europeu

A República Srpska e a Federação entre bosníacos (muçulmanos) e croatas, as duas entidades que formam a Bósnia-Herzegovina, são um produto dos Acordos de Dayton de 1995 que puseram termo a três anos e meio de uma violenta guerra civil.

Milorad Dodik foi reeleito presidente em novembro de 2022, sendo opositor à entrada da Bósnia-Herzegovina na NATO. No entanto, a Federação tem, desde outubro, estatuto de candidata à União Europeia.

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