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Parlamento Europeu retira vice-presidência a eurodeputada grega suspeita de corrupção

Eva Kaili é acusada num escândalo de branqueamento de capitais e corrupção relacionado com o Qatar.

HONS

SIC Notícias

O Parlamento Europeu (PE) destituiu esta terça-feira do cargo a vice-presidente Eva Kaili, detida pela polícia belga por alegado envolvimento num escândalo de corrupção.

A decisão que a eurodeputada socialista grega não pode exercer o cargo foi aprovada por 625 votos a favor, um contra e duas abstenções, representando uma dupla maioria de dois terços dos votos expressos e uma maioria dos deputados que compõem o hemiciclo.

A votação foi realizada ao abrigo do artigo 21.º das regras de procedimento do PE, na sequência de investigações que as autoridades belgas estão a realizar no âmbito de suspeitas de corrupção que envolvem a eurodeputada helénica, entre outros suspeitos.

O procedimento foi desencadeado por uma decisão da Conferência dos Presidentes (presidente do PE e líderes dos grupos políticos) no início da manhã desta terça-feira, que aprovou a decisão por unanimidade.

Eva Kaili declara-se inocente e nega ter recebido dinheiro do Qatar

Eva Kaili, acusada num escândalo de branqueamento de capitais e corrupção relacionado com o Qatar, declarou-se inocente e negou ter recebido dinheiro, disse esta terça-feira um dos seus advogados, Michalis Dimitrakopulos.

"[Eva Kaili] não tem nada a ver com o financiamento do Qatar, nada, explicitamente e inequivocamente. Essa é a posição dela", disse Dimitrakopoulos ao canal de televisão grego OPEN.

O advogado acrescentou que Kaili, que está em prisão preventiva na Bélgica, "não exerceu nenhuma atividade comercial na sua vida".

Quanto ao pai de Eva Kaili, que, segundo a imprensa, foi detido quando tentava fugir com sacos cheios de dinheiro, o advogado esclareceu que as autoridades belgas não lhe impuseram condições restritivas e que, se quiser, "é livre de regressar para a Grécia".

A investigação

A eurodeputada socialista grega, entretanto suspensa de todas as suas funções tanto na Grécia como no Parlamento Europeu, é uma das quatro pessoas que estão detidas preventivamente sob a acusação de alegada participação numa organização criminosa, branqueamento de capitais e corrupção relacionada com o Qatar, país anfitrião da edição de 2022 do Mundial de futebol.

Um juiz belga decidiu no domingo acusar Eva Kaili, deputada da bancada dos Socialistas europeus (do grupo dos Socialistas e Democratas, S&D), juntamente com outras três pessoas, incluindo o seu companheiro, o italiano Francesco Giorgi.

A investigação foi aberta pela justiça belga, por suspeitas de um lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões políticas do Parlamento Europeu.

A Autoridade Grega de Combate ao Branqueamento de Capitais ordenou na segunda-feira a apreensão dos bens (imóveis, contas bancárias, empresas) de Eva Kaili e dos seus familiares próximos no país, justificando que podem ser provenientes de atividades ilegais.

Os depósitos bancários de Eva Kaili mais que duplicaram em dois anos, segundo as suas declarações anuais de bens que estão disponíveis no portal do parlamento helénico.

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